Evento aconteceu no dia 28 de julho e doações foram entregues a 15 instituições de Minas Gerais
A 12ª edição da Corrida da Cooperação reuniu 6 mil pessoas na orla da Lagoa da Pampulha, no dia 28 de julho. Em uma manhã ensolarada de domingo, a alegria e a intercooperação estiveram presentes. O resultado foi muito além de uma atividade esportiva, teve muita solidariedade, descontração e emoção, incluindo um pedido de casamento. Independentemente dos resultados, todos saíram campeões, pois ao se inscrever, cada atleta doou alimentos não perecíveis, resultando na arrecadação de cerca de 12 toneladas.
As doações foram divididas e distribuídas para 15 instituições: Associação Brasileira de Esclerose Tuberosa (Abet); Associação Mineira de Reabilitação (AMR); Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais de Belo Horizonte (Apae-BH) e Apae de Ibirité; Asilo Nossa Senhora da Piedade; Associação de Pais de Amigos do Centro de Reabilitação (Aspac); Associação Unificada de Recuperação de Apoio (Casa Aura); Cidade do Ancião Chichico Azevedo da Cidade de Ozanam; Creche Odete Valadares, Cidade Ozanam; Centro de Educação e Profissão (Colméia); Instituto José Geraldo Gonçalves; Lar Cristo Rei; Centro de Libertação da Mulher Trabalhadora; e Sistema Divina Providência.
Para o presidente do Sistema Ocemg, Ronaldo Scucato, a Corrida da Cooperação envolve pilares importantes do desenvolvimento do cooperativismo. “O cuidado com as pessoas, a união das equipes e a intercooperação são peças-chave para o fortalecimento do setor”, afirma. “É motivo de orgulho proporcionar um momento tão diverso para os participantes e ainda fomentar a cooperação, a saúde e o bem-estar por meio da corrida de rua, um esporte querido entre os brasileiros, sendo hoje um dos mais populares do país”.
Pódio
Primeiro lugar na modalidade feminina de 5 km, a estudante Júlia da Silva, de 23 anos, corre há uma década. “A corrida significa disciplina e autoconhecimento. Ela me ensina a não perder a constância no meu dia a dia, porque é isso que nos leva ao sucesso”, diz. “A sensação de sair vitoriosa hoje é indescritível, é uma recompensa de todo o foco que mantenho durante todo esse tempo. Esta é minha primeira Corrida da Cooperação e estou muito feliz”.
O militar da Aeronáutica, Naicon Teles, começou a correr em 2019 e a competir no ano passado. Com 24 anos, ele conta que sua maior inspiração é seu pai, que também é corredor. Na Corrida da Cooperação, ele chegou em primeiro na modalidade masculina de 5 km. “Quando eu saio para correr, sinto uma felicidade muito grande”, diz. “Esse é um esporte que impacta positivamente nossa vida pessoal e profissional, nos ensina a ter persistência e compromisso. Hoje estou muito satisfeito com o resultado”.
A recepcionista Layla Gabriela chegou em primeiro lugar na corrida feminina de 10 km. Para ela, começar esse esporte foi uma forma de sair do sedentarismo. “Na minha profissão, passo muito tempo sentada e não fazia nada no final de semana. Estou completando meu terceiro ano como corredora e hoje tenho muito mais disposição e me sinto capaz de fazer coisas que antes nem imaginava”, relata. “Comecei como brincadeira, mas há um ano levo a sério e hoje não consigo me imaginar sem competir e participar desses eventos que sempre têm esse clima animado e divertido”.
O operador de open-end, Leonardo Gameleira, conquistou o primeiro lugar no masculino de 10 km. Competindo há dois anos, ele recorda que começou a correr pouco antes da pandemia e criou gosto pela modalidade. “De lá para cá, venho desenvolvendo e tentando chegar aos pódios. A corrida me deixa mais disposto e é como dizem: esporte é vida. Desde criança, sempre tive contato com a atividade física, mas a corrida ganhou meu coração”, declara. “Esta é minha segunda Corrida da Cooperação. No ano passado, fiquei em quinto e este ano, com muito treino e dedicação, consegui o primeiro lugar”.
Impacto nas cooperativas
Algumas cooperativas adotam práticas de incentivo ao esporte no dia a dia da instituição. Um exemplo é o Sicoob Credimonte, que esteve presente na Corrida da Cooperação com um animado grupo de 21 corredores. “Temos a tradição de participar todo ano. A cooperativa nos ajuda financeiramente com o transporte e incentiva a prática esportiva. Isso nos faz evoluir pessoal e profissionalmente e torna a entidade mais popular na cidade”, explica o cooperado e atleta Lelis Oliveira. “A corrida mudou minha vida. Cheguei a pesar 150 kg e hoje sou ultramaratonista. Já corri 235km. Se não fosse o esporte, talvez eu não estaria mais aqui. Por isso, faço questão de estar presente com a cooperativa todos os anos”.
Outro exemplo de cooperativismo engajado com o esporte é o do Sicoob Vale do Aço. O gerente regional da cooperativa, Robson Rabelo, conta que a própria cooperativa teve a iniciativa de abrir as inscrições para a corrida. “Tivemos a adesão de grande parte dos nossos funcionários. Acredito que pelo momento, experiência e, principalmente, integração, que são coisas que o esporte proporciona, muitos quiseram participar”, comenta. “Hoje temos um corpo de funcionários muito unido e acredito que práticas como essa ajudam, principalmente, no aspecto mental, pois nosso trabalho demanda raciocínio e análises que, muitas vezes, nos cansam mentalmente. Por isso estamos muito felizes com a participação”.
Superando limites
A aposentada e atleta da equipe Huracan de Atletismo Paralímpico, Andréa Cristina, conta que o esporte entrou em sua vida há dois anos e que a prática traz diversos benefícios para a sua vida. “O principal deles é a socialização, sair mais de casa, ter objetivos e me movimentar. É um processo diário, porque a atividade física nos ajuda a superar todas as dificuldades”, observa. “A Corrida da Cooperação é um grande exemplo. Eu me machuquei recentemente e poder participar da caminhada completa me trouxe uma importante sensação de recomeço”.
O atleta Diego de Jesus mal finalizou a sua segunda Corrida da Cooperação e já aguarda ansioso pela próxima edição. Ele faz parte do grupo Viva o Esporte, de Betim, e conta como o esporte o ajuda como pessoa com deficiência visual. “Sou corredor há cinco anos e participo de competições há dois. A prática me ajuda na noção de dimensão de espaço, oxigenação e aumento da imunidade”, detalha. “Além disso, é uma maneira de desestressar e melhorar minha qualidade de vida. É uma atividade que indico a todos”.
Amor a cada quilômetro
O casal Warley da Silva e Bárbara Batista fecharam a corrida com chave, ou melhor, anel de ouro: o policial militar decidiu pedir a bancária em casamento após a competição. A história de amor do casal começou, justamente, na Corrida da Cooperação. “Há oito anos, estava com três amigos no carro indo para a competição. Vi que ela estava tentando chamar um táxi e ofereci carona. Estávamos todos uniformizados, com os números da corrida. Ela ficou receosa, mas topou e fomos juntos. Trocamos telefone e combinamos a carona na volta também”, recorda o policial. “Só que a carona acabou não acontecendo, mas começamos a conversar pelo telefone”.
Desde então, o casal começou a competir juntos. “Participamos da Corrida da Cooperação todos os anos. Por isso, achei que não havia outro lugar para expressar meu amor, ao lado de pessoas que estão com a gente todo esse tempo, que correm conosco, nos tornamos uma fraternidade”, afirma. “Além disso, foi uma forma de mostrar que a corrida está muito além do que se imagina. Buscando cuidar do corpo e da mente, encontrei a outra metade do meu coração”.