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Aumenta produção de cafés especiais; MG é responsável por metade

03/07/2019
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Com crescimento ao longo dos anos, produção nacional de cafés especiais já beira os 10 milhões de sacas

Em um cenário em que o café commoditie insiste em manter cotação baixa, em alguns casos não chegando a cobrir os gastos do produtor, o investimento em um produto melhor, com maior valor agregado, é uma das melhores saídas para o produtor. O conselho é de Breno Mesquita, presidente da Federação da Agricultura do Estado de Minas Gerais (Faemg), assim como das comissões estadual e nacional de cafeicultura, que afirma que a produção nacional de cafés especiais vem aumentando ao longo dos anos, tendo atingido entre 6 milhões e 10 milhões de sacas, sendo que Minas Gerais é responsável por metade desse volume.

O Brasil é o maior produtor de café do mundo e o principal exportador, além de o segundo maior consumidor da bebida. Minas Gerais responde por mais da metade dessa produção. Enquanto 70% do café brasileiro é da espécie arábica, o restante, 30%, para o conilon, no estado nada menos que 98% são Arábica.

De acordo com Mesquita, o café arábica é mais suave e tem qualidade superior, enquanto o conilon tem mais cafeína e é tido como café de segunda, sendo muito usado na indústria de solúveis. “Mas, hoje, já se produz um conilon especial no Espírito Santo, Bahia e Rondônia”, garante o presidente da Faemg.

Segundo Mesquita, para aprimorar a qualidade do produto é preciso conhecer as técnicas e o manejo correto na colheita e no pós-colheita, muitos deles oferecidos pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Rural – Administração Regional de Minas Gerais (Senar Minas).

“Essas informações são importantes para obter cafés especiais, com qualificação acima dos 84 pontos na escala da Associação Americana de Cafés Especiais (SCAA), Enquanto a saca do café comum é vendida por R$ 400, um café superior pode chegar ao dobro. É claro que o custo é maior, porque os cuidados são maiores, mas o maior valor agregado compensa.”

Localizada no município de Machado, na Região Sul de Minas Gerais, a Fazenda Recanto produz cafés de qualidade superior. O proprietário, Afrânio Ferreira Paiva, explica que a primeira medida a ser tomada para obter um bom café é mapear a propriedade e identificar os fatores que favorecem a qualidade do fruto.

Um deles é o clima, mais precisamente a posição geográfica do plantio, que pode ter mais ou menos insolação. No caso do café, deve haver um equilíbrio, nem muito e nem pouco sol.

“O clima a gente não domina. É preciso conhecer o histórico da região. Mas o aumento da temperatura vem mudando esse cenário, e, hoje, as floradas uniformes estão se reduzindo, o que aumenta a incidência de grãos em diversos estágios de maturação: o cereja (maduro, com coloração vermelha ou amarela), que é o ideal; o seco, que pode ter sido muito exposto à umidade, o que favorece a contaminação por micro-organismo, comprometendo sua qualidade; e o verde, de baixa qualidade”, explica o produtor.

ESPÉCIES

Outro fator importante é o solo, que deve ser equilibrado, sendo realizadas as correções normais, como a adubação. A escolha da variedade da planta também é determinante para obter produto de qualidade.

Na Fazenda Recanto são usadas variedades já comprovadas da espécie arábica – como bourbon amarelo, catuaí, catucaí, rubi e mundo novo -, algumas delas mais propensas a produzir cafés de qualidade. A propriedade também tem um campo experimental, onde é analisada a evolução de espécies diferentes. Uma delas é a variedade gueixa, de origem africana, mas descoberta no Panamá.

Depois da implantação da lavoura, outra metodologia é usada para comprovar a qualidade do café. Os frutos são analisados a partir de um aparelho chamado refratômetro, que usa a escala Brix para determinar o teor de açúcar no fruto. Mesquita explica que o Brix ideal é a partir de 24, numa escala que varia de zero a 30. É a partir desse teor elevado que se identificam os frutos de maior qualidade, que darão origem a lotes especiais, com maior valor agregado.

“Depois de colhida, a fruta já atingiu todo o seu potencial e não há muito o que se fazer para melhorar as características principais que se identificam em um café, como a acidez, a doçura e o corpo. Todo o cuidado no pós-colheita é feito para preservar as características do fruto”, afirma o produtor, chamando a atenção para a importância de uma secagem benfeita.

Os limites de temperatura devem ser respeitados, assim como a higiene. No processo de lavagem, em que se retira a polpa e faz-se a separação dos grãos, é preciso expor o café à água pelo menor tempo possível, já que isso é prejudicial. Depois, é feita a pré-secagem em terreiros.

Como o volume é grande, a secagem final é feita em secador mecânico. “A vida do café só se encerra quando a bebida é ingerida. Então, é preciso respeitar as normas de qualidade em todos os processos que se seguem – a armazenagem, a torrefação, a embalagem e, finalmente, a extração – ensina o produtor.

Fonte: Estado de Minas

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