Em 2020, o Brasil exportou 44,5 milhões de sacas de café, considerando a soma de café verde, solúvel e torrado & moído, segundo relatório consolidado pelo Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé). O dado confere ao país um novo recorde histórico das exportações do produto para o ano e representa um crescimento de 9,4% em relação ao volume total exportado em 2019.
A receita cambial com as exportações no ano passado alcançou US$ 5,6 bilhões, alta de 10,3% em relação a 2019 e equivalente a R$ 29 bilhões, representando aumento de 44,1% na conversão em reais, alcançando a participação de 5,6% nas exportações do agronegócio e de 2,7% nos embarques totais do país. Já o preço médio da saca no ano foi de US$ 126,52.
Do volume total embarcado em 2020, 40,4 milhões de sacas foram de café verde, aumento de 10,2% comparado a 2019. Os cafés verdes são compostos pelos cafés arábica, cujas exportações totalizaram 35,5 milhões de sacas, alta de 8,4% ante 2019 e recorde histórico para essa variedade, e robusta (conilon), com 4,9 milhões de sacas exportadas, crescimento de 24,3% e também maior volume embarcado na história. Já as exportações de cafés industrializados foram de 4,1 milhões de sacas, apresentando aumento de 2,3% no período e com destaque para os embarques de café solúvel dentro da modalidade, que foram de 4,1 milhões de sacas, alta de 2,4% e embarques recorde do produto industrializado. Com relação às variedades exportadas, 79,7% foram de café arábica, 11,1% de robusta e 9,2% de solúvel.
“O café no Brasil está próximo de completar 300 anos desde a sua chegada, pois segundo consta nos registros, o desembarque das primeiras mudas no país data de 1727 e as exportações tiveram início em meados de 1800. Nestes quase três séculos, o Brasil e o mundo passaram por enormes desafios, que foram enfrentados e superados com sucesso, bem como colaboraram para atingirmos uma forte maturidade na cadeia do agronegócio café. Pesquisa, produção, comércio e exportação, indústria de torrefação, indústria de solúvel, toda a cadeia passou por um profundo desenvolvimento e, sem dúvida, o ano de 2020 será mais um capítulo importante nesta longa e interessante história do café. Devido à pandemia da Covid-19, estamos passando por um período desafiador e, ao mesmo tempo, tivemos uma das maiores safras e concluímos com uma exportação de 44,5 milhões de sacas, batendo um recorde histórico. Importante lembrar que possuímos mais de 2,2 milhões de hectares de café distribuídos por inúmeros estados e suas devidas regiões neste País de dimensão continental, e contamos com mais de 264 mil produtores sendo que 72% se referem a pequenos produtores” explica Nelson Carvalhaes.
“Ciente de que toda esta cadeia envolve o trabalho de milhões de pessoas o Cecafé, como legítimo representante do segmento de exportação, não poupou esforços em se empenhar com iniciativas e medidas de segurança no intuito de preservar a saúde de todos os envolvidos no processo exportador, seguindo rigorosamente as orientações da OMS, governos federal, estaduais e municipais desde o início da pandemia. A sustentabilidade aliada ao “S” de Saúde é um forte pilar do nosso café e é por isso que nos empenhamos para que o produto chegue a mais de 130 países com a maior segurança e respeito. Os resultados referentes ao mês de dezembro e ao ano de 2020 mostram mais uma vez que, apesar de todas as dificuldades enfrentadas com a pandemia, a cadeia do agronegócio café manteve um excelente desempenho”, declara.
“Com tudo isso, gostaria de participar do encerramento de minha gestão como presidente do Cecafé, conforme os estatutos democráticos que permitem eleição e uma reeleição da presidência. Durante esses cinco anos e meio de dedicação pautada na qualidade, sustentabilidade e eficiência do agronegócio café, enfrentamos muitos desafios como o de manter a parceria, diálogo e transparência junto a três diferentes governos, o de superar o recente contexto econômico conturbado causado pela pandemia, e o de identificar oportunidades. Destacam-se as ações de representação técnico-política nos temas tributários e logísticos, de promoção da imagem do café brasileiro junto às embaixadas de países importadores e um trabalho voltado a fortalecer a sustentabilidade do café brasileiro, por meio de sólidos programas de responsabilidade social e de uma comunicação assertiva para os consumidores do mundo”.
Carvalhaes também complementa que, “em conjunto com nossos associados, o Conselho, a diretoria, a vice-presidente Flávia Paulino e uma equipe competente, sempre reforçamos a sustentabilidade do agronegócio café e ampliamos nosso market-share no mundo, onde de cada três xícaras de café consumidas, mais de uma é do Brasil. Além disso, destaca-se ainda a certificação dos cafés arábicas junto à Bolsa de Café de Nova Iorque, bem como dos cafés robustas na Bolsa de Café de Londres, por parte dos exportadores brasileiros”.
“Sigo no Cecafé como membro do Conselho e feliz com o sentimento de missão cumprida, deixando toda a estrutura organizada, pilares sólidos, uma equipe altamente capacitada, e desejo muito sucesso para a próxima gestão que assume a partir de agora. Aproveito para registrar que Nicolas Rueda Latiff, da Ed&F Man Volcafé assume a presidência da entidade e Günter Häusler, da Neumann Kaffee Gruppe a vice-presidência. Gostaria ainda de agradecer o suporte da imprensa que durante todos esses anos se empenhou em divulgar o trabalho e resultados do setor de exportação com clareza e precisão”, finaliza.
Desempenho em dezembro
No último mês de 2020, o Brasil exportou 4,3 milhões de sacas de café para o mundo, dado que representa o maior recorde histórico em volume exportado para o mês, além do aumento de 38,6% em relação a dezembro de 2019. A receita cambial gerada no período foi de US$ 541 milhões, crescimento de 37,1% e equivalente a R$ 2,8 bilhões, representando alta de 71,7% na conversão em reais. Já o preço médio da saca de café no mês foi de US$ 126,92.
As exportações de cafés verdes somaram 3,9 milhões de sacas (aumento de 41,8% ante dezembro de 2019) sendo 3,5 milhões de sacas de café arábica (crescimento de 46,3%) e 381 mil de robusta (alta de 10,1%). Os cafés industrializados corresponderam a 353,1 mil sacas embarcadas (registrando aumento de 11,3%), sendo 352 mil sacas de café solúvel (crescimento de 11,5%) e 1,4 mil de torrado & moído.
Ano-Safra 2020/21
Nos seis primeiros meses do Ano-Safra 2020/21 (jul-dez), o Brasil exportou 24,5 milhões de sacas de café, representando também o maior volume histórico exportado para o período e crescimento de 21% em relação a mesma base comparativa do ciclo anterior (2019/20). A receita cambial gerada no período foi de US$ 3 bilhões, crescimento de 18,9% e equivalente a R$ 16,3 bilhões que, na conversão em reais, representa alta de 58,4%. O preço médio da saca no período foi de US$ 123,16.
As exportações de café verde somaram 22,5 milhões de sacas (aumento de 23% em relação à safra passada), sendo 19,7 milhões de sacas de café arábica (crescimento de 23,5%) e 2,8 milhões de robusta (alta de 20,1%). Os cafés industrializados corresponderam a 2,1 milhões de sacas embarcadas (registrando aumento de 2,7%), sendo 2,1 milhões sacas de café solúvel (crescimento de 2,8%) e 10,3 mil de torrado & moído.
Principais destinos
No ano civil de 2020, os Estados Unidos permaneceram como principal destino do café brasileiro, com 8,1 milhões de sacas exportadas para o país (equivalente a 18,3% das exportações totais no ano passado). O segundo maior destino foi a Alemanha, com 7,6 milhões (17,1%) e, em terceiro, a Bélgica, com 3,7 milhões (8,4%). Na sequência estão: Itália, com 3 milhões de sacas (6,8%), Japão, com 2,4 milhões de sacas (5,4%), Turquia, 1,4 milhão (3,2%); Federação Russa, 1,2 milhão (2,8%); México, 1,1 milhão (2,4%); Espanha, 936,2 mil (2,1%) e Canadá, 904,2 mil (2%).
Exportações por continentes, grupos e blocos econômicos
Em 2020, apesar do cenário de pandemia por Covid-19, o Brasil registrou crescimento nas exportações de café brasileiro para todos os continentes, grupos e blocos econômicos. Entre eles, se destacam os aumentos de 91,3% para a América Central; 41,1% nas exportações para os países da América do Sul; 60,7% para a África; 13,3% para a Oceania; 5,1% para a Ásia; 11,7% para o Oriente Médio; 24,1% para os países do Leste Europeu; 19,2% para os países árabes; 28,4% para os países do BRICS, além do aumento de 47% nos embarques de cafés totais e de 63,6% nos de café verde para os países produtores de café.
Vale destacar que, nos dois continentes mais afetados pela Covid-19, Europa e América do Norte, o Brasil também apresentou crescimento nas exportações para os países dos dois continentes, de 8,8% e de 3,8%, respectivamente.
Cafés diferenciados
No ano civil de 2020, as exportações de cafés diferenciados (aqueles que têm qualidade superior ou algum tipo de certificado de práticas sustentáveis) corresponderam a 7,9 milhões de sacas, representando o maior volume dos últimos cinco anos para o ano e 17,7% do total de café embarcado em 2020, assim como avanço de 4,4% em relação ao volume de cafés diferenciados exportado no ano civil de 2019. A receita cambial dessa modalidade foi de US$ 1,3 bilhão, correspondendo a 22,9 % do total gerado com os valores da exportação de café. O preço médio dos cafés diferenciados ficou em US$ 163,60.
Os 10 maiores países importadores de cafés diferenciados representam 78,9% dos embarques com diferenciação. Os Estados Unidos são o país que mais recebe cafés diferenciados do Brasil, com 1,7 milhão de sacas exportadas, equivalente a 21,7% das exportações da modalidade. A Alemanha ficou em segundo lugar, com 1,1 milhão de sacas exportadas (14,7%), seguida pela Bélgica, com 975,6 mil (12,4%), Japão, com 668,4 mil (8,5%), Itália, com 564,5 mil (7,2%), Reino Unido, com 259 mil (3,3%), Canadá, com 243 mil (3,1%), Espanha, com 239 mil (3%), Suécia, com 219,5 mil (2,8%) e Países Baixos, com 181 mil (2,3%).
Portos
Em 2020, o Porto de Santos se manteve na liderança como a principal via de escoamento para outros países, com 77,6% de participação (34,5 milhões de sacas embarcadas no ano passado a partir dele). Os portos do Rio de Janeiro ficaram segundo lugar, com 15,2% de participação (6,8 milhões de sacas embarcadas por eles).