Entrevistado do Jornal Cooperação de janeiro, Gilson de Assis Sales, superintendente de Apoio a Agroindústria da Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Minas Gerais (Seapa), destaca: “É preciso que as instituições compreendam a importância de ter uma maior eficiência em logística”.
Desde o ano 2000, iniciativas como Programa Nacional da Alimentação Escolar (PNAE) e o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) trouxeram boas possibilidades de comercialização para cooperativas e produtores da agricultura familiar. Quais são os principais desafios e oportunidades que os programas apresentam?
Um dos desafios é a logística, que pode ser entendida como o processo de planejar, implementar e controlar de maneira eficaz o fluxo e a armazenagem de produtos, serviços e informações. A logística envolve o transporte, o estoque, a distribuição, a localização, a prestação de serviços aos clientes e o fluxo de informações. Outro grande desafio é conseguir atender os editais. No PNAE, o processo avançou muito, principalmente para atender municípios menores, e grandes municípios com elevado número de escolas e o PAA institucional que exigem grandes volumes de produtos e distribuição. As cooperativas e agricultores familiares mineiros têm tido dificuldade, seja em conseguir preparar a documentação, ou atender as exigências dos editais ou ainda pela ausência de registros sanitários.
Ao longo de 2019, a Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Minas Gerais, junto com o Sistema Ocemg e outros parceiros trabalharam em ações de fortalecimento e identificação de oportunidades para a agricultura familiar no Estado. Quais foram os resultados atingidos com essas iniciativas e quais serão os próximos passos em 2020?
Os resultados diretos foram a ampliação de participação dos agricultores e cooperativas nos editais de chamadas públicas dos programas institucionais tanto estadual quanto federal e a elaboração do Programa Estadual de Cooperativismo da Agricultura Familiar e Agroindústria de Minas Gerais (Cooperaf-MG) que será enviado para sanção do Governador. O programa tem como objetivo promover e fortalecer as cooperativas da agricultura familiar e agroindústria visando a melhoria de renda e erradicação regional. Indiretamente, o tema foi amplamente discutido no Estado, confirmando tratar-se de uma importante pauta para o governo estadual.
Como as cooperativas devem se preparar para atender às demandas do mercado institucional?
As cooperativas precisam estar atentas aos editais que são lançados e pensar em acessar mercados para além do local onde estão situadas, com atenção para a gestão e a logística de distribuição em relação ao volume, qualidade dos produtos e na regularidade da entrega. Portanto, a formação contínua dos cooperados se faz necessária em aspectos administrativos e no ramo de atuação das cooperativas.
Como fomentar o cooperativismo e suas vantagens competitivas e organizacionais entre produtores vinculados à agricultura familiar no interior do Estado?
Continua sendo por meio da apresentação dos benefícios advindos do cooperativismo e suas vantagens para os agricultores familiares. Considerando o aumento de ganhos financeiros pela inserção qualificada dos empreendimentos coletivos nos mercados institucionais de maior valor agregado.
A organização da base produtiva proporciona menor custo de produção; a qualificação da gestão dos empreendimentos coletivos os torna mais competitivos. É preciso que as instituições, tanto estaduais quanto as próprias cooperativas compreendam a importância de ter uma maior eficiência em logística, planejamento e no processo de gestão, que podem proporcionar benefícios ainda maiores para os próprios cooperados.