Cooperativismo em foco na Semana Internacional do Café

Cerca de 22 mil pessoas de 40 países passaram pelo evento que, desde 2013, acontece em Belo Horizonte por iniciativa do Sistema Ocemg

Minas Gerais é o Estado que mais produz café no Brasil. Somente na Safra 2023/2024 foram 30,1 milhões de sacas, de acordo com a Secretaria de Estado da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa). Deste total, 57,5% passaram, de alguma maneira, por uma cooperativa. Significa dizer que de cada 100 xícaras de café produzidas em Minas Gerais, 58 são cooperativistas. Justamente por isso, as coops mineiras ganharam destaque na programação da Semana Internacional do Café 2024 (SIC), realizada semana passada, no Expominas, em Belo Horizonte. 

Na abertura do evento, o vice-governador de Minas Gerais, Mateus Simões, destacou o papel essencial das cooperativas no fortalecimento do setor cafeeiro, oferecendo suporte técnico, financeiro e comercial a pequenos e médios produtores. “Sem as cooperativas e sem o Sistema Ocemg, que organiza e fortalece essas iniciativas, não teríamos a cafeicultura que temos hoje”, afirmou. “A Casa do Cooperativismo Mineiro oferece suporte integral, desde o crédito até a comercialização, permitindo que pequenos produtores assumam protagonismo na produção de cafés especiais. Essa estrutura transforma vidas e posiciona Minas Gerais como referência no mercado global”.

Satisfeito com o reconhecimento, o presidente do Sistema Ocemg, Ronaldo Scucato, acrescentou que a realização da SIC, em Belo Horizonte, também é uma conquista trazida pelo cooperativismo à cafeicultura mineira. “Há pouco mais de dez anos, um grupo de cooperados de Minas me procurou, durante uma feira internacional de café, realizada nos Estados Unidos”, recorda. “Eles defenderam a importância de promovermos um grande evento da cadeia produtiva do café em Minas Gerais. A partir daí, veio a proposta e definição de que a Feira Internacional do Café — que acontecia até então em São Paulo — viria para Belo Horizonte, exatamente em função do impacto produtivo e da expressão de Minas no que se refere à produção desses grãos.”

Encontro de cooperativas

Seguindo sua missão de fortalecer o cooperativismo e ampliar a competitividade no nosso modelo de negócios, o Sistema Ocemg promoveu o Encontro das Cooperativas Agropecuárias Mineiras – Segmento Café durante a SIC. O evento contou com a participação de 96 lideranças de 27 cooperativas e abordou temas estratégicos para o mercado cafeeiro, como a importância de investir em sustentabilidade para ganhar espaço no mercado internacional.

Além dos debates técnicos, o encontro evidenciou a troca de experiências entre líderes de cooperativas mineiras, incluindo presidentes, diretores e gestores. O objetivo foi promover a integração e fortalecer estratégias coletivas capazes de enfrentar os desafios globais do setor, reafirmando o papel do cooperativismo na construção de soluções inovadoras e sustentáveis.

O vice-presidente do Sistema Ocemg, Samuel Flam, abriu o seminário ressaltando: o café vai além de sua relevância econômica, funcionando como um elo cultural que conecta pessoas ao redor do mundo. “Mais do que uma bebida, o café une pessoas e transforma realidades. E as cooperativas desempenham um papel fundamental na disseminação de cafés de alta qualidade globalmente. Trabalhando juntos, mostramos o melhor de Minas Gerais, reforçando o cooperativismo como pilar do desenvolvimento”, afirmou Flam. 

Tendências e desafios no mercado global

O painel “Desafios e Oportunidades no Contexto Nacional e Internacional” reuniu especialistas para discutir as perspectivas do setor cafeeiro diante das transformações globais. Marcos Fava, engenheiro agrônomo e professor, chamou atenção para o crescimento do consumo de café na Ásia e para a importância de fortalecer a gestão das propriedades rurais para aproveitar as novas oportunidades comerciais. “O mercado mundial oferece inúmeras possibilidades, mas, para explorá-las, é preciso investir em cooperação e inovação. Isso será determinante para a competitividade e a sustentabilidade do setor”, analisou.

O CEO do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé), Marcos Matos, também enfatizou a relevância das práticas sustentáveis e da rastreabilidade como ferramentas para consolidar o Brasil como líder na cafeicultura. “A união e a inovação no cooperativismo são essenciais para que o setor prospere. Precisamos continuar investindo em boas práticas agrícolas, transparência e no mercado de carbono para garantir a competitividade no mercado internacional”..

Sustentabilidade e qualidade

O Encontro de Encontro das Cooperativas Agropecuárias Mineiras – Segmento Café também contou com a presença  do secretário-adjunto da Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Minas Gerais (SEAPA-MG), João Ricardo Albanez. O gestor destacou o papel estratégico das cooperativas na organização da cadeia produtiva de café do Estado. “Em um cenário de mudanças climáticas e exigências crescentes, o cooperativismo é um elo essencial para assegurar a sustentabilidade e qualidade do café mineiro”, explicou.

Ainda de acordo com Albabez, o conhecimento técnico e a ciência são aliados indispensáveis para os cafeicultores superarem os desafios do setor. “As cooperativas têm sido fundamentais para engajar os produtores nesse processo, garantindo a qualidade e a competitividade do café de Minas Gerais”, avaliou. 

Estratégias para o mercado de commodities

A palestra “Ser Competitivo no Mercado de Commodities do Café” abordou ferramentas para ajudar produtores, sobretudo os pequenos, a enfrentar a volatilidade dos preços no setor. Bruno Padalino Popovic, especialista em exportações, pontuou o papel das redes de apoio e das estratégias coletivas na melhoria da competitividade. “Colaboração entre cooperativas é a chave para superar a volatilidade do mercado. Ao trabalharem juntos, os produtores conseguem se posicionar de forma mais resiliente e eficiente,” disse Popovic, encerrando o evento com uma mensagem de união e inovação para o futuro do setor.