Sistema cooperativista atua em várias frentes
Em Medina, no Vale do Jequitinhonha, o produtor de queijo cabacinha Itamar Maurício Gomes, que mantém uma produção modesta com a ajuda de sua esposa e de duas filhas, está otimista com o futuro dos negócios e já pensa em uma expansão. A perspectiva positiva pode ser explicada pela ação do sistema cooperativo, que vem apoiando o fortalecimento da cadeia produtiva da região.
Exemplos como o do produtor de Medina se replicam por todo o Estado por conta da ação do Sistema Ocemg – junção do Sindicato e Organização das Cooperativas do Estado de Minas Gerais (Ocemg) e o Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo de Minas Gerais (Sescoop-MG), que entre as ações visando impulsionar o desenvolvimento sustentável, mantém diversas iniciativas de apoio à organização socioeconômica de comunidades mineiras.
O sistema cooperativista atua em diversas frentes, financiando, capacitando e até mesmo na elaboração de diagnósticos.
Gomes explica que a ação do Sistema Ocemg mudou a visão de muitos produtores na região, que compreenderam a importância de trabalhar de forma conjunta para impulsionar a cadeia produtiva do queijo cabacinha. Atualmente, ele produz entre 25 e 30 queijos por dia, além de outros derivados do leite, mas a intenção é ampliar a produção com o possível aumento na demanda pelos produtos da região.
Com o apoio de várias entidades, como o Sistema Ocemg, a Emater e o Senar, foi criada neste mês a Associação dos Produtores de Queijo Cabacinha do Vale do Jequitinhonha (Aprocaje). “No dia 20, com 34 produtores, criamos a associação, mas depois disso, mais produtores manifestaram intenção em participar”, disse o presidente da recém-criada entidade, José Valério de Souza Filho.
“Pretendemos levar ao conhecimento das entidades parceiras e responsáveis pela pesquisa e criação do regulamento técnico de como fazer o queijo cabacinha, buscar junto às entidades responsáveis maior celeridade no processo, criar condições para os produtores, estruturar suas queijarias e buscar a tão sonhada legalidade do nosso queijo cabacinha”, disse.
Outra boa notícia para os produtores da região foi o reconhecimento recente do queijo cabacinha como Patrimônio Cultural e Imaterial do Estado. “É um produto de excelente qualidade, com potencial social enorme. Todo o processo é artesanal, literalmente feito a mão, não tem forma. Então, é um produto gerador de emprego e renda para o nosso Vale”, comemorou.
Coop+ impulsiona o desenvolvimento
A gerente de Educação e Desenvolvimento Sustentável do Sistema Ocemg, Andréa Sayar, explica que iniciativas de apoio como essa são parte do Programa +Coop do Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo de Minas Gerais (Sescoop-MG). A organização socioeconômica produtiva é um dos eixos de atuação do projeto no Estado.
O trabalho compreende reunir os atores da cadeia produtiva de determinada região, como, por exemplo, agricultores familiares para discutir os desafios e potencialidades. Com este quadro definido, o sistema leva informação e apoia o desenvolvimento da cadeia produtiva por meio de conceitos do cooperativismo e associativismo.
Andréa Sayar lembra que essas ações culminam na formação de associações e cooperativas de produtores, artesãos, entre outros. Além disso, este trabalho resulta em uma transformação de toda uma comunidade.
Um exemplo disso está na região de Morada Nova de Minas, na região Central do Estado, com o projeto Cadeia Produtiva da Tilápia. O apoio do sistema cooperativista foi essencial para transformar a região no segundo maior polo produtor da espécie de peixe no País.
O gerente do Sicoob Aracoop e produtor de tilápia, Oclídio José da Silva Filho, explica que a cadeia se iniciou há 12 anos, porém, os pequenos produtores não conseguiam avançar nos negócios, principalmente por conta da dificuldade de acesso ao crédito. “Em meio a este cenário, a cooperativa de crédito Sicoob Aracoop resolveu apostar na formação da cadeia produtiva e passou a oferecer linhas de crédito para estes empreendedores”, explica.
O presidente do Sicoob Aracoop, Ramiro Rodrigues de Ávila Júnior, lembra que também foi realizado um trabalho, com o apoio da Ocemg e do Sebrae, para identificar potencialidades e desafios dos produtores da região. “O maior problema encontrado foi a questão da outorga da água”, disse. Após identificar o gargalo, começou o trabalho de regularização e atualmente 80% dos piscicultores estão com suas operações legalizadas.
Com isso, hoje a produção da tilápia já é uma das principais atividades econômicas da região, movimentando toda uma cadeia, que compreende também frigoríficos, prestação de serviços de manutenção, produção de tanques, entre outros.
Estima-se que a produção atual ultrapasse 3 mil toneladas de tilápia mensalmente. São centenas de empregos gerados na região. “Estamos no caminho certo”, afirma Silva Filho.
Norte do Estado tem ações para cadeias produtivas
Em Lontra, no Norte de Minas, a produção agropecuária é, em grande parte, caracterizada pela agricultura familiar e tem entre os principais produtos pequi, mel, leite e mandioca. Para fortalecer essa cadeia foi criado o Projeto de Desenvolvimento de Cadeias Produtivas em 2020.
A iniciativa surgiu após a instalação de uma agência do Sicoob Credinor no município, que observou a necessidade de fortalecimento da economia local e de se evitar a fuga de divisas para outras cidades. A iniciativa foi realizada em parceria com prefeitura, Emater e Sistema Ocemg.
Para impulsionar os negócios locais, a cooperativa investiu na capacitação de produtores rurais, que movimentam as principais cadeias produtivas da cidade. Em reuniões mensais, os cerca de 60 produtores da região recebem informações sobre o cooperativismo, aprendem a reconhecer o impacto do trabalho deles na economia familiar e regional, além de levantar pontos fortes para conquistar novos mercados e identificar barreiras que precisam ser superadas.
Como resultado dessas reuniões, foi criado um plano de ação que será colocado em prática pela Associação Mista de Pequenos Produtores de Lontra (Aspralon), fundada no dia 13 de julho. Faz parte do plano de ação, por exemplo, a criação de uma marca própria, que reunirá todos os produtos de Lontra.
“O cooperativismo é uma ferramenta de transformação social que promove ajuda mútua, colaboração e solidariedade na busca de soluções coletivas. Com o apoio dos nossos parceiros, vamos colaborar com o desenvolvimento econômico e social, produtividade e sustentabilidade de Lontra”, afirma o presidente do Conselho de Administração do Sicoob Credinor, Dario Colares.
Cooperativas ajudam na geração de renda e trabalho
Uma das áreas de atuação do Programa +Coop é levar para a organização socioeconômica do cooperativismo para as comunidades. Estas ações são responsáveis pela geração de trabalho e renda para centenas de famílias em Minas Gerais.
Em Divinópolis, na região Centro-Oeste do Estado, por exemplo, a Cooperativa de Crédito de Livre Admissão da Região Central e Oeste Mineiro (Sicoob Divicred) mantém o projeto Agente de Tratamento de Resíduos Sólidos (ATRS). A finalidade é promover prosperidade social, gerar renda, qualidade de vida, sustentabilidade ambiental através do tratamento de resíduos sólidos a partir da implantação de uma “Cooperativa de Reciclagem e Negócios”, juntamente com um plano/programa/cultura de Coleta Seletiva, agregando valor à matéria coletada e melhora do nível de comercialização.
Atualmente, são beneficiadas duas associações de catadores e o poder público fez chamamento para cadastro de catadores individuais para compor o grupo que fará parte da “Cooperativa de Reciclagem e Negócios”. Hoje, são 14 famílias que participam do programa, explica a diretora Administrativa do Sicoob Divicred, Consuelo Campos de Freitas.
Na Capital, em parceria com a Prefeitura de Belo Horizonte e a Pastoral de Rua, o sistema apoia também um projeto que vem capacitando moradores em trajetória de rua para produzir alguns itens de limpeza. “Não é caridade. O que estamos fazendo é programa de transformação social e prosperidade”, afirma a gerente de Educação e Desenvolvimento Sustentável do Sistema Ocemg, Andréa Sayar.
Sistema Ocemg é pioneiro no quesito sustentabilidade
Neste mês, em meio às comemorações do Dia Internacional do Cooperativismo, o Sistema Ocemg inovou mais uma vez. Foi a primeira unidade da Organização das Cooperativas do Brasil a lançar um relatório de sustentabilidade.
Além disso, a Ocemg é a primeira organização do segmento a aderir ao Pacto Global da Organização das Nações Unidas (ONU). De acordo com a gerente de Educação e Desenvolvimento Sustentável do Sistema Ocemg, há sempre uma tentativa de relacionar as ações do sistema com um dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). “É a crença que o sistema Ocemg e as cooperativas do Estado têm um compromisso com um jeito diferente de fazer negócio”, diz.
Entre as iniciativas de destaque está o programa Minas Coop Energia, que compreende a instalação de usinas fotovoltaicas, cuja energia gerada é voltada para o consumo das cooperativas e da própria Ocemg. Além disso, o excedente de produção é doado para instituições filantrópicas.
As usinas da Ocemg, por exemplo, que foram construídas no Norte de Minas, segundo Andréa Sayar, atendem à demanda da sede da organização e do Centro de Treinamento na capital mineira. O excedente é doado para a Santa Casa de Misericórdia de Belo Horizonte.