Instituições financeiras sem fins lucrativos e de propriedade dos seus cooperados, as cooperativas de crédito vêm crescendo a cada ano e reforçando sua importância no cenário econômico brasileiro e mundial. De acordo com o Banco Central, o cooperativismo financeiro já conta com mais de 9,9 milhões de associados, em 925 cooperativas de crédito, que juntas somam uma carteira de aproximadamente R$ 250 bilhões em ativos totais. Este modelo de negócios está presente em 118 países, reúne mais de 274 milhões de associados e ultrapassa a marca dos US$ 2,19 trilhões em ativos, conforme dados do Conselho Mundial de Cooperativas de Crédito (Woccu 2018).
Neste contexto é celebrado, internacionalmente, na terceira quinta-feira de outubro, o Dia Internacional das Cooperativas de Crédito (DICC). Em 2020, 15 de outubro será a data para comemorar as conquistas e relembrar a trajetória desse segmento. Este ano, “Inspirando esperança para uma comunidade global” é o tema da mais importante data do calendário cooperativista financeiro, iniciativa criada pelo Conselho Mundial de Cooperativas de Crédito há mais de 70 anos.
Com um conjunto de produtos e serviços atraentes e preços e taxas competitivos, o ramo vem conquistando mais adeptos e se destacando com números expressivos. Em Minas Gerais existem atualmente 184 cooperativas de crédito, o que representa 24% do total de cooperativas do Estado, presentes em 577 cidades, 67,6% dos municípios mineiros, com 1.165 Postos de Atendimento (PA’s e agências). O contingente da população de Minas envolvida no Cooperativismo de Crédito é de 21,6%.
O ramo engloba, ao todo, 1,5 milhão de cooperados, 79% do total de cooperados mineiros e é responsável por 27% da geração de empregos do cooperativismo em Minas, com mais de 12,4 mil empregados. Em 2019, a movimentação econômica do setor foi de R$ 25,03 bilhões, ou seja, 41% de toda a circulação do cooperativismo mineiro. Nos últimos cinco anos, o crescimento da movimentação econômica foi de 73%, dado que confirma a pujança do segmento.
Cooperativas de Crédito e a Covid-19
Ronaldo Scucato, presidente do Sistema Ocemg, ressalta a importância da atuação do cooperativismo financeiro para mitigar prejuízos econômicos decorrentes da pandemia de Covid-19. “É em momentos de crise que o cooperativismo demonstra seu papel vital. As cooperativas de crédito têm contribuído de maneira significativa para o fortalecimento da renda nos municípios e para desenvolvimento econômico e social das comunidades onde estão inseridas”.
A perspectiva do dirigente cooperativista é confirmada por recente pesquisa realizada pelo Sebrae no primeiro semestre de 2020. De acordo com o levantamento, as cooperativas financeiras registraram taxa de sucesso acima dos 30% na concessão de crédito para pequenos negócios. O índice é quase o triplo dos bancos privados (11,8%) e dos públicos (9,5%).
O diretor-presidente do Sicoob Central Cecremge e vice-presidente do Sistema Ocemg, Luiz Gonzaga Viana Lage, recorda que no início da pandemia o sentimento foi de apreensão e a Central realizou ações para minimizar seus efeitos. “Nossos empregados, dentro de uma lógica operacional, trabalharam em home office retornando paulatinamente às suas funções. Cada cooperativa em sua área de atuação e sujeitas às suas especificidades compreenderam claramente o momento diferente que vivenciávamos e se adequaram a ele”.
Segundo Lage, como aprendizado, a Cecremge reavaliou sua forma de atendimento sem a necessidade de manter grandes agências, nem da presença física de todos os empregados, pois alguns deles podem realizar suas funções em casa, por meio de teletrabalho.
Ele destaca ainda as principais ações realizadas pela Central para mitigar esses impactos causados pelo novo Coronavírus: “sem fugir às nossas tradições de concessão de crédito, passamos a valorizar a comercialização de produtos e serviços com mais vigor, face aos ganhos que dela advém. Aprendemos com os tempos difíceis que teremos de nos profissionalizar muito mais nos negócios do sistema financeiro. Precisaremos massivamente buscar, através de treinamentos, o que não conseguimos aprender no dia a dia e apoiar as cooperativas nas suas estratégias comerciais”.
Para o presidente do Bancoob, Marco Aurélio Almada, assim como todos os setores, o cooperativismo foi muito impactado pela pandemia, porém o ramo deu respostas rápidas para seguir atendendo a população com excelência. “Aumentamos a concessão de crédito para Pessoa Física e Pessoa Jurídica, incentivamos nossos cooperados a participarem das linhas de crédito propostas pelo governo para reduzir os impactos do coronavírus na atividade dessas pessoas e empresas. Os cooperados são os verdadeiros donos das cooperativas financeiras e este fato contribuiu muito para esse processo, porque elas sabem exatamente quais são as principais queixas de seus cooperados de uma determinada região, agindo rapidamente para mitigá-las”, explicou. E finalizou frisando que o cooperativismo financeiro se firmou como modelo em que os micro e pequenos empresários obtiveram sucesso nos seus pedidos de crédito durante esta crise.