Seminário reuniu teoria e prática necessárias para um modelo de negócio mais eficiente e assertivo em tempos modernos
Foco na inovação e na gestão como estratégia de sustentabilidade das cooperativas educacionais mineiras. Esse foi o objetivo do Encontro Mineiro das Cooperativas do Segmento Educacional promovido pelo Sistema Ocemg no dia 6 de agosto. O seminário, que aconteceu na Casa do Cooperativismo Mineiro, reuniu 21 pessoas de 10 cooperativas do segmento educacional para promover reflexões, debates e trocas de experiências sobre as oportunidades de atuação das cooperativas do setor e aperfeiçoamento da gestão.
“A educação é a vacina universal. O Brasil vive um gargalo na educação e ocupa posições não muito lisonjeiras no ranking mundial. Isso não é bom, pois uma nação só se desenvolve por meio da educação”, pontuou Ronaldo Scucato, presidente do Sistema Ocemg, em seu discurso de abertura. Na avaliação dele, esse posicionamento nacional é muito difícil. Por isso, ressaltou que o Sistema Ocemg tem um projeto robusto de formação de dirigentes e lideranças. “Precisamos reter os talentos do cooperativismo, cuidar da nossa gente. Muito antes de ser cifrão, nós somos pessoas. Fazemos negócio, mas sem deixar de cuidar de cada indivíduo”, acrescentou Scucato.
Durante o encontro, o superintendente do Sistema Ocemg, Alexandre Gatti Lages, detalhou as atividades realizadas pela entidade em prol do fortalecimento do cooperativismo. “Temos um portfólio diversificado de cursos e programas, em parceria com instituições como a Fundação Dom Cabral, Universidade Fumec, PUC Minas e escolas internacionais. Entre as ofertas, temos o MBA em Gestão de Cooperativas e a graduação tecnológica em cooperativismo”, expôs. Além disso, ele citou o Centro de Treinamento, inaugurado em 2019, que é um espaço exclusivo para a formação de líderes cooperativistas e colaboradores de cooperativas. De acordo com o superintendente, programas como o Lidercoop são essenciais para o desenvolvimento de dirigentes por fomentar o caminho para uma gestão profissional e eficiente.
A analista de relações institucionais e governamentais do Sistema OCB, Priscilla Coelho, fez um panorama do cooperativismo educacional em nível nacional. “Nosso segmento está crescendo a cada ano. Temos mais de 190 mil cooperados em 213 cooperativas, gerando quase 5 mil empregos diretos. Em 2023, o segmento educacional gerou R$ 802 milhões em receita”, enumerou. “Nossos dados mostram que a maioria das cooperativas educacionais são pequenas e médias, com até 500 matrículas. Por isso, nosso objetivo é promover ações estratégicas, melhorar a gestão e a governança, incentivar parcerias e buscar recursos para ampliar nossas instalações, beneficiando cooperados e suas comunidades”.
Educação em tempos modernos
A doutora em Aprendizagem Digital e Gamificação, consultora em gestão e professora da Fundação Dom Cabral, Fabiana Bigão, conduziu a palestra “Cenários e Tendências Educacionais para o Século XXI”, com a intenção de provocar e convidar os participantes a ampliarem seu olhar sobre como se pode construir melhores experiências de aprendizagem. “A educação é entregue de forma muito tradicional, enquanto o mundo do aluno mudou drasticamente com a tecnologia e as redes sociais. Por isso, propus invertermos essa dinâmica, transformando a sala de aula em um espaço de interação”, afirmou.
Fabiana acredita ser importante que os educadores estejam abertos a utilizarem formatos variados, como vídeos gravados e aulas remotas ao vivo, para tornar a aprendizagem mais envolvente. “É preciso planejar atividades práticas que causem emoções positivas, combatendo o autoritarismo no processo de ensino”, acrescentou.
Trilha Prática para Excelência
Durante o seminário, foi apresentado o projeto Trilha Prática para a Excelência das Cooperativas Educacionais. A iniciativa, criada pelo Sistema Ocemg, tem o objetivo de aprimorar a gestão das cooperativas educacionais, um fator fundamental para o sucesso das cooperativas. A analista de Educação e Desenvolvimento Sustentável, Fabiana Pereira, explicou que as cooperativas participantes receberão suporte contínuo. “Nosso objetivo é garantir que cada cooperativa esteja bem equipada para enfrentar os desafios do mercado, fortalecendo sua base e aprimorando sua gestão”, afirma. A trilha é composta por quatro grandes temas: gestão contábil e tributária em cooperativas educacionais, boas práticas de governança, formação em cooperativismo e gestão cooperativista, com foco em processos formalizados e planejamento estratégico.
Além do suporte técnico, a Trilha Prática para a Excelência das Cooperativas Educacionais também promove um ambiente de troca de experiências entre as cooperativas do setor. Fabiana destacou que a formação oferecida é customizada para atender às necessidades específicas deste público-alvo. “A carga horária robusta de 64 horas foi projetada para proporcionar um aprendizado aprofundado e aplicável, garantindo que as cooperativas possam implementar melhorias práticas em sua gestão e governança”, disse. “A formação começará em setembro e outubro, e será realizada de forma virtual, permitindo a participação de cooperativas de diversas regiões”.
O sucesso da trilha depende do engajamento dos participantes. “A participação ativa das cooperativas educacionais é essencial para que possamos avançar juntos rumo à excelência da gestão”, afirma o analista de Monitoramento de Cooperativas, Fabrício Figueiredo. “A trilha culminará em uma missão técnica nacional, onde os participantes conhecerão as melhores práticas de uma cooperativa educacional premiada em Santa Catarina”, acrescenta. “É uma oportunidade única para aprender com quem já atingiu um alto nível de excelência em gestão, e estamos empenhados em garantir que todos os participantes aproveitem ao máximo essa experiência”, frisou.
PDGC em foco
O professor Nemízio de Souza conduziu a Oficina do Programa de Desenvolvimento da Gestão das Cooperativas (PDGC). Segundo ele, a proposta foi a de familiarizar os participantes com os processos exigidos pelo diagnóstico, abordando tanto os processos relacionados à governança quanto o de gestão. Segundo ele, esse é um momento importante para garantir que todos entendam os critérios e requisitos do programa. “Por meio de trabalhos em grupo e devolutivas dos participantes, dúvidas sobre o preenchimento e a interpretação de boa parte das questões foram esclarecidas”, pontuou Nemízio.
Após a oficina, o professor orientou que as cooperativas deveriam formar um comitê do PDGC, para um preenchimento mais assertivo e uma discussão sobre melhorias a serem implementadas. “Esse diagnóstico dado pelo programa vai ajudar as cooperativas a obterem uma visão mais ampla dos processos e precisa das áreas que serão adaptadas ou aprimoradas. Dessa forma, será possível que as cooperativas identifiquem oportunidades de melhorias em suas práticas atuais”, esclareceu. A oficina não apenas esclareceu dúvidas, mas também motivou as entidades a se engajarem no processo contínuo de aperfeiçoamento da gestão e governança.
Engajamento para as cooperativas
A professora especialista em Educação, da Cooperativa Educacional de Carlos Chagas (Cooeducar), Rejane Barros, afirma que o seminário foi além de suas expectativas. “Esperava apenas uma palestra, mas encontrei aqui pessoas tão apaixonadas pela educação quanto eu. Valeu a pena a viagem de 8 horas pela estrada para conseguir chegar”, disse animada. “Hoje eu vivo meu grande sonho, sou apaixonada por lecionar e, por isso, defendo fervorosamente o ramo. Fui aluna bolsista da Cooeducar e hoje sou professora e mãe de aluno. Para mim, é um grande privilégio participar de um seminário e fazer parte de todas as discussões”.
Para o presidente da Cooperativa de Ensino de Alpinópolis de Minas Gerais (CEAL), Sebastião Ângelo, eventos como o seminário são importantes, afinal, as cooperativas de educação, segundo ele, são a base de todas as outras. “Nós formamos alunos e impactamos vidas, a formação que essas cooperativas proporcionaram ao país em termos de educação é imensurável”, analisa. Por isso, diz Sebastião, é preciso que todas as cooperativas se fortaleçam e estejam, a cada dia, mais em parceria com o Sistema Ocemg, um pilar de suporte e apoio para o crescimento.
