São Paulo – As exportações de soja do Brasil podem cair em março, ante igual mês do ano passado, em meio a notícias de vendas da oleaginosa dos Estados Unidos (EUA) à China, pouco interesse de brasileiros em negociar e pela própria produção menor no País, segundo especialistas e dados da programação de navios.
O cenário para março, que pode inibir também os negócios nos próximos meses, segundo especialistas, contrasta com a situação de um ano atrás. Nesta época em 2018, o Brasil colhia uma safra recorde e a guerra comercial, que posteriormente levaria Pequim a recorrer à oleaginosa brasileira em vez da norte-americana, começava a aparecer no radar.
Embora a disputa entre as duas maiores economias do mundo não esteja totalmente resolvida, algumas compras de soja têm sido acertadas entre as partes, enquanto uma trégua comercial foi estabelecida e as negociações continuam.
Há uma semana, a China se comprometeu a comprar mais 10 milhões de toneladas de soja norte-americana, segundo uma autoridade do USDA, o que indica mais competição para o Brasil.
Em janeiro, por exemplo, as importações da commodity norte-americana pelos chineses já quase dobraram ante dezembro, ainda que os volumes tenham continuado relativamente pequenos. É nesse sentido que o mercado brasileiro passa a considerar impactos em suas exportações da commodity.
“Temos 7,3 milhões de toneladas de soja nos line-ups (de navios no Brasil). Seguramente, já um pouco afetados pelas compras de soja americana (pela China)”, disse Frederico Humberg, presidente da comerciante de grãos Agribrasil.
Caso se confirme, o voluP me ficaria abaixo dos quase 9 milhões de toneladas de março de 2018, ano em que o Brasil bateu recorde de vendas externas da oleaginosa, com cerca de 84 milhões de toneladas.
Primeiro semestre – Para o presidente da Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec), Sérgio Mendes, “a preocupação é muito grande porque agora vamos ter de competir com eles (EUA) no primeiro semestre”.
“Eles estão fechando pequenos acordos com a China, mas estão soltando aos poucos seus estoques. Alguém com quem você nunca disputou no primeiro semestre, agora vai ter de disputar. E esse estoque norte-americano vai ter de sair de algum jeito”, afirmou Mendes.
Em se tratando de vendas de soja, os EUA são geralmente mais fortes no último trimestre do ano, logo após a colheita local. Mas em 2018 comercializaram uma quantidade muito pequena em virtude da guerra comercial com a China, seu tradicional comprador de soja. Com isso, passaram a deter estoques recordes de soja, segundo dados do Departamento de Agricultura dos EUA (USDA). (Reuters)
Fonte: Diário do Comércio