Setor tem potencial de contribuição de R$ 3 bilhões para o cooperativismo dentro da meta do BRC 1 Tri
O Sistema Ocemg, representado pelo Analista de Desenvolvimento de Cooperativas, Daniel Papini, participou da reunião da Câmara Temática das Cooperativas Minerais do Sistema OCB realizada no dia 18 de março. O encontro, que reuniu representantes das Organizações Estaduais (OCEs) e líderes regionais do setor mineral, teve como tema principal o fortalecimento e desenvolvimento do ramo no país. Durante o evento, foram discutidos o Plano de Trabalho de 2024, bem como os Planos Estratégicos para os próximos três anos. O Brasil possui 77 cooperativas minerais, segundo dados do Anuário Brasileiro do Cooperativismo. O setor tem potencial para movimentar R$ 3 bilhões em faturamento dentro da meta do BRC 1 Tri.
O objetivo da reunião foi orientar as cooperativas, alinhando suas metas às do movimento, e identificar oportunidades para crescimento. O grupo também mencionou a representação no Congresso Nacional e o acompanhamento de Projetos de Lei importantes para o setor, como o PL nº 836/2021, que trata da venda de ouro no Brasil, e o Projeto de Rastreabilidade, feito em parceria com a Aliança pela Mineração Responsável (ARM).
O Projeto e Rastreabilidade objetiva trazer para o Brasil a referência internacional de Devida Diligência da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), utilizado para garantir práticas empresariais responsáveis e éticas em nível global, adequada à realidade da mineração artesanal e em pequena escala (Mape) com a implementação do Código Craft, ferramenta diagnóstica projetada para avaliar as práticas de organizações mineiras artesanais e de pequena escala.
Além disso, foram tratadas questões de rastreabilidade dos minerais e gestão das cooperativas, focando na implementação de políticas de integridade para melhor controle dos recursos. O objetivo é assegurar transparência nas operações, promover responsabilidade socioambiental e garantir a sustentabilidade das atividades.
A gerente de Relações Institucionais do Sistema OCB, Clara Maffia, destacou a relevância do trabalho colaborativo para enfrentamento dos desafios como a rastreabilidade do ouro e o reconhecimento adequado das cooperativas minerais. “É essencial que a Câmara Temática continue trabalhando de forma alinhada e com visão estratégica”, aponta. “Dessa forma, nossa representação continuará coesa. Juntos, conseguimos identificar as melhores formas de atuação e representação diante do Poder Público”, afirmou.
O assessor institucional do Sistema Ocemg, Geraldo Magela, destaca que este é um setor com grande potencial de crescimento no Estado. “Por isso, a participação do Sistema Ocemg na reunião é fundamental, uma vez que os números relacionados ao cooperativismo de mineração devem apresentar um crescimento significativo nos próximos anos”, afirma. “Isso se deve ao fato de que algumas regiões de Minas Gerais estão alcançando o ponto de esgotamento da exploração por grandes empresas, abrindo assim oportunidades para as minerações de pequeno porte”.
Geraldo Magela reforça ainda que a possibilidade de uma significativa ampliação do segmento nos próximos anos justifica uma atenção e acompanhamento especial por parte do Sistema Ocemg, que já participa de discussões alinhadas com essa perspectiva no âmbito do Governo do Estado de Minas Gerais, no Projeto de Reconversão dos Territórios Minerados e Grupo de Trabalho de Cooperativas do Setor Mineral da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais.
Rumo ao BRC 1 Tri
Durante a reunião também foram traçadas ações estratégicas para a meta do BRC 1 Tri, que é movimentar R$ 1 trilhão e agregar 30 milhões de cooperados até 2027. Para isso, os pilares serão o fortalecimento da representação política institucional do cooperativismo mineral, a promoção de estímulo à melhoria da estrutura e capacidade das entidades governamentais ligadas ao setor mineral, além do fomento à mineração responsável, com práticas ESG (ambientais, sociais e de governança).
Além disso, os objetivos se estendem ao fortalecimento da competitividade das cooperativas minerais nos mercados nacional e internacional. É fundamental aprimorar o marketing e ampliar a divulgação do cooperativismo mineral para fortalecer sua presença e reconhecimento. A inovação no cooperativismo e a promoção da intercooperação são metas prioritárias, visando a eficiência e a colaboração entre as cooperativas, contribuindo assim para o desenvolvimento sustentável do setor mineral.
Minas é destaque em mineração
Minas Gerais se destaca no cenário nacional como líder na mineração. Segundo o Índice Mineiro de Responsabilidade Social (IMRS), desenvolvido pela Fundação João Pinheiro (FJP), oito das dez cidades mais bem classificadas entre os 853 municípios do Estado têm na mineração sua principal atividade econômica. Essas cidades incluem Barão de Cocais, Catas Altas, Congonhas, Itabira, Itabirito, Mariana, Nova Lima e Ouro Preto. Além delas, Belo Horizonte, e Extrema, situada no polo industrial do Sul de Minas, também se destacam nesse setor.
A contribuição da mineração para a economia mineira é evidente nos números. Minas Gerais recebeu mais de R$ 39 milhões correspondentes à cota-parte da Compensação Financeira pela Exploração Mineral (CFEM). Este valor foi distribuído em janeiro de 2024 e arrecadado em dezembro. Além disso, o setor mineral gerou um faturamento de US$ 50 bilhões, indicando um repasse potencial de aproximadamente R$ 4 bilhões com a aprovação do PL e a definição da nova alíquota de compensação.
O Estado é o principal polo de mineração do Brasil, sendo responsável por 40% das maiores minas em operação no país. A maior parte da produção inclui minério de ferro, ouro, bauxita, manganês, estanho e grafite, entre outros minerais. Essa diversidade mineral é explorada pelas principais empresas globais do setor e possui grande relevância para a transição energética, com mais de 40 minerais importantes nesse contexto.
Minas Gerais se destaca na produção de nióbio, sendo o maior produtor mundial deste mineral. A cidade de Araxá, localizada no Alto Paranaíba, abriga a maior mina de nióbio do mundo e concentra 57% das reservas globais desse recurso.