Evento reuniu 243 participantes para debater soluções sustentáveis e o futuro das energias renováveis no cooperativismo
O presente e o futuro da geração de energia limpa e sustentável, no Brasil e no mundo, foi o tema central do IV Seminário de Energias Renováveis do Sistema Ocemg. O evento reuniu 243 participantes de 52 cooperativas, no dia 24/09, em Belo Horizonte. A iniciativa destacou o compromisso do cooperativismo com a sustentabilidade e com o cumprimento dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU, além de reforçar a preocupação com as mudanças climáticas globais.
“O Sistema Ocemg foi a primeira entidade cooperativista a assinar o Pacto Global da ONU, em 2018”, destacou Ronaldo Scucato, presidente do Sistema Ocemg. “De lá para cá, criamos diversas ações para incentivar a sustentabilidade no coop, como este seminário, que reforça nosso compromisso com a transição energética. O Brasil tem tudo para ser protagonista na produção de energia limpa, e o mundo depende dos resultados de encontros como este para avançarmos rumo a um futuro mais sustentável.”
O secretário de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Minas Gerais, Thales Ferreira, esteve presente no evento e ressaltou a importância da parceria entre o governo do Estado e o Sistema Ocemg nas discussões sobre energia renovável e no apoio às cooperativas.
“Este é um setor que tem desempenhado um papel importante na transição para energias renováveis”, afirmou Thales. “O seminário é fundamental para avançarmos em uma matriz energética mais sustentável. As cooperativas, em especial, têm contribuído significativamente para que pequenos produtores compreendam e se adaptem a essas mudanças, ajudando a impulsionar o setor de energia limpa no Estado.”
MinasCoop Energia é destaque
O programa de geração de energia fotovoltaica das cooperativas mineiras, o MinasCoop Energia, foi um dos destaques do seminário, confirmando o compromisso do Sistema Ocemg com o fortalecimento de novas matrizes energéticas para o coop. Atualmente, 41 cooperativas integram o projeto, que conta com 83 usinas em operação e beneficia 65 instituições sociais em Minas Gerais.
“O MinasCoop Energia tem apresentado números significativos nessa transição da matriz energética do cooperativismo em Minas Gerais, trazendo impactos positivos não só nas questões ambientais, mas também para as milhares de pessoas direta ou indiretamente envolvidas no projeto”, explicou Alexandre Gatti, superintendente do Sistema Ocemg. “Hoje, as cooperativas que participam do projeto estão doando energia a mais de 60 entidades filantrópicas do Estado, beneficiando cerca de 4,1 milhões de pessoas por ano.”
Ciclo de palestras
Um dos principais palestrantes no seminário foi o Ponto Focal para Cooperativas da Organização das Nações Unidas (ONU), Andrew Allimadi. Com 17 anos de experiência na ONU, ele atua na assessoria de governos para o desenvolvimento de políticas cooperativistas e reforçou, em sua apresentação, a importância das coops na busca por soluções sustentáveis e no enfrentamento das mudanças climáticas.
“Ao redor do mundo, as cooperativas estão mostrando sua capacidade de desenvolver e compartilhar energia renovável, gerando impacto não apenas no meio ambiente, mas também nas comunidades que mais precisam”, avaliou Allimadi. “O modelo cooperativista oferece alternativas sustentáveis que podem transformar economias e criar oportunidades de crescimento e redução da pobreza. Se conseguirmos ampliar esse movimento global, teremos uma mudança significativa tanto no cenário climático quanto no desenvolvimento econômico e social”.
A palestra “Desafios e Oportunidades no Mercado de Carbono”, ministrada por Leonardo Munhoz, advogado e pesquisador, teve como foco esclarecer aos produtores rurais e cooperativas como ingressar no mercado de carbono. “A criação deste seminário é extremamente relevante, pois coloca luz sobre um tema que está ganhando cada vez mais espaço, não só no setor industrial, mas também na agropecuária, que está cada vez mais interessada em incorporar a sustentabilidade em sua agenda. Entender o mercado de carbono, os créditos disponíveis e como isso pode impactar o futuro do agro brasileiro é fundamental para os próximos passos do setor”, observou Munhoz.
Outra palestra que chamou a atenção foi a de Amyr Klink, comandante de mais de 22 expedições à Antártica. Ele utiliza suas vivências como metáforas poderosas para ilustrar práticas de sustentabilidade. “Nós podemos fazer muito mais do que estamos fazendo. Quem trabalha com energia sabe que há muito a ser feito. A sensação de dever cumprido é incrível. Durante uma de minhas travessias, usei dois painéis fotovoltaicos e, ao fim dos 100 dias, as baterias estavam 100% carregadas. Não havia ninguém para aplaudir, mas o sentimento de sucesso foi o bastante. Espero que vocês construam grandes histórias com o Sistema Ocemg,” afirmou Klink.
Vale destacar: após participar do seminário, Andrew Allimadi e o analista de Desenvolvimento de Cooperativas no Sistema OCB, Joaci Medeiros, visitaram a sede administrativa da Unimed Belo Horizonte, para conhecer o trabalho da cooperativa na promoção da sustentabilidade e em eventos socioculturais, realizado por meio do Instituto Unimed BH. Na ocasião, foram apresentados dados gerais sobre o cooperativismo mineiro.
Ao final do encontro, Andrew parabenizou a atuação do cooperativismo em Minas Gerais, ressaltando que o Estado oferece excelentes exemplos a serem replicados em todo o mundo. “Foi uma grande oportunidade de aprendizado estar em Minas Gerais e conhecer a Unimed BH. Espero que, no próximo ano, o Ano Internacional das Cooperativas, possamos promover as lições aprendidas aqui para garantir que o que acontece em Minas possa se replicar em outros países”, conclui.
Negócios à vista
Um dos pontos altos do IV Seminário de Energias Renováveis foi a criação de um espaço para as cooperativas conhecerem 14 fornecedores de soluções para a geração de energia, a chamada Agenda de Relacionamento. Estiveram presentes importantes players deste mercado como a GWM-Haval, Watts Motos Elétricas, Toyota e o Pacto Global da ONU. As cooperativas puderam agendar conversas com esses representantes dessas empresas para explorar soluções que tornem suas operações mais sustentáveis.
O Sicoob Credimepi participou da Agenda de Relacionamento, oferecendo financiamento para projetos de cooperativas focados em sustentabilidade. A presença no evento reforçou a importância do apoio das cooperativas de crédito viabilizando iniciativas que impulsionam o setor. “Este seminário é importantíssimo para fortalecer o cooperativismo e promover a sustentabilidade. Estamos aqui para expandir e levar essas soluções para o coop e também para a sociedade,” afirmou Aluísio Abalem, membro do Conselho do Sicoob Credimapi.
Dividindo experiências
Ao final do seminário, lideranças de diversas cooperativas comentaram suas percepções sobre a importância de eventos como esse, que ajudam o cooperativismo a consolidar seu protagonismo no mercado da sustentabilidade.
O presidente da Cooperativa de Geração de Energia Distribuída (Coopsol), Vinícius Pereira, elogiou o papel do Sistema Ocemg no avanço da conscientização das cooperativas sobre a importância de investir em energias renováveis. “Este tipo de evento facilita a troca de conhecimentos e ajuda cooperativas a compreenderem melhor o processo de transição energética. Nossa cooperação com outras entidades é fundamental para tornar esse caminho mais tranquilo e planejado, beneficiando todo o setor,” afirmou Pereira.
O presidente da Cooperativa dos Transportadores Autônomos de Cargas e Passageiros (Coopmetro), Marcos Leisson Alves, concordou com o colega da Coopsol e acrescentou: o IV Seminário de Energias Renováveis do Sistema Ocemg reforçou o compromisso do setor com toda a pauta ESG — sigla em inglês para Responsabilidade Ambiental, Social e Governança. “Fazer a transição da matriz energética do coop é fundamental para o desenvolvimento do nosso setor”, explica Alves. “Participamos ativamente do MinasCoop Energia desde o início do projeto. Construímos usinas e doamos parte da energia para um hospital. Investir nisso não é só apenas uma questão financeira; é uma questão de responsabilidade com o meio ambiente e com os nossos cooperados. Esse é o futuro.”