Mais de 400 pessoas, de 180 cooperativas e 11 Estados, participaram, no dia 24 de fevereiro, do seminário de lançamento do 9º Ciclo do Programa de Desenvolvimento da Gestão das Cooperativas (PDGC). O evento, organizado anualmente pelo Sistema Ocemg, contou com palestrantes conhecidos nacionalmente para debater liderança, inovações e busca pela excelência.
O PDGC é um dos programas do Sescoop Nacional voltados ao desenvolvimento da autogestão, cujo objetivo principal é promover a adoção de boas práticas de gestão e de governança no negócio cooperativo. A iniciativa foi adotada, desde o primeiro ano, em 2013, pelas cooperativas de Minas Gerais e pelo Sistema Ocemg, que, além do lançamento, realiza, atividades como workshops e visitas técnicas às cooperativas participantes com o objetivo de fortalecer a atuação do setor no programa.
Logo na abertura do evento, o presidente da entidade, Ronaldo Scucato, frisou que o PDGC ‘foi abraçado pelo cooperativismo mineiro, que, hoje, representa 1/3 das participantes em todo o país, somando mais de 300 cooperativas do Estado no programa”. Em sua fala, Scucato alertou sobre a situação pandêmica que ainda assola o país e o papel primordial das cooperativas, com foco nos ramos Saúde, Crédito, Agropecuário e Transporte na mitigação dos efeitos da crise. E complementou: “Costumo dizer que o cooperativismo é o caminho do meio, a economia socializada. O comunismo aprendeu a distribuir, mas não a produzir. O capitalismo sabe como produzir, mas não distribui. Já as cooperativas produzem, distribuem e abrem frentes de trabalho e renda. É preciso que a sociedade tome conhecimento desta joia que é o cooperativismo”.
O presidente do Sistema OCB, Márcio Lopes de Freitas, endossou as palavras do dirigente mineiro. “As cooperativas de Minas e o Sistema Ocemg têm conseguido executar a tarefa do PDGC de maneira fantástica. E queremos que este processo, de muitos anos, continue sempre evoluindo. Que o programa passe a ser um trabalho de construção, uma trilha de aprendizado que não acaba nunca e só venha nos trazer oportunidades e desafios para que permaneçamos em evolução”, disse. Para os dirigentes presentes no evento, Freitas frisou que “o cooperativismo pega mais de muda do que de semente, ou seja, o exemplo leva mais gente que a fala, a palavra”, alertando sobre o papel da liderança na condução e valorização do PDGC.
Agilidade e excelência
Em um mundo com mutações tão rápidas, o setor cooperativista deve estar atento às inovações tecnológicas, com líderes e equipes preparadas para elevar as cooperativas a posições de destaque no mercado. Com esse foco, as palestras do seminário abriram horizontes de ideias aos participantes.
Um dos convidados, o engenheiro, empresário, fundador da primeira cooperativa de trabalho de engenheiros no Ceará e navegador, João Lima, contou sua história inspiradora. Após anos no mundo corporativo, ele, a esposa e duas filhas deram a volta ao mundo em um catamarã. Sua trajetória no mar ganhou destaque com um fato ruim – uma tempestade torrencial -, da qual ele tirou as principais lições da vida. Em uma analogia sobre o fato de precisar tomar decisões com agilidade, Lima refletiu sobre este momento de pandemia e outras situações de crise: “O fator imprevisibilidade é muito relevante. É como se todos nós estivéssemos em meio a uma tempestade”. E concluiu dizendo aos gestores cooperativistas que o aquilo que o ajudou em alto mar foi traçar um planejamento, adiantar possíveis problemas que poderiam surgir no caminho, assim como as possibilidades de contornar qualquer um desses percalços.
Já Cláudio Azevedo, ex-gerente-geral da Cabify e executivo na ZX Ventures, empresa internacional de fomento a startups, abordou a importância da agilidade do mindset – ou da mentalidade – dos gestores atuais, sob a pena dos empreendimentos não acompanharem as transformações do mundo. Ele trouxe o conceito de mundo Bani, que sucede o Vuca (Volatilidade, Incerteza, Complexidade e Ambiguidade). A nova conceituação significa, em português, Fragilidade, Ansiedade, Não linearidade e Incompreensibilidade, características de um cenário que, segundo o executivo, necessita de atenção e rapidez na tomada de decisões. Para Azevêdo, o mercado pede uma transição da gestão tradicional para ágil: “A equipe não precisa de pessoas mais experientes e dirigentes mandando que elas façam alguma tarefa, mas sim de gestores com experiência mentorando o trabalho, sempre embasados por dados e informações de negócio”, explicou.
Fechando o dia de aprendizado, o empresário, economista, ex-jogador e treinador de vôlei, Bernardo Rezende, falou aos participantes sobre conquistas, excelência e sustentabilidade, tendo como pano de fundo sua carreira de sucesso. O treinador exemplificou que o seu trabalho tem como foco as pessoas, assim como no negócio cooperativista, e ele, como os gestores de cooperativas, precisam diariamente trabalhar com a motivação da equipe. “Se sou um cooperado e sinto que meu voto tem um peso na decisão da cooperativa, eu vou querer participar deste grupo”, exemplificou. “Cooperativismo tem muito a ver com o esporte coletivo, porque pressupõe uma interação tanto entre as áreas do negócio quando entre cooperativas”, complementou.
Para finalizar, Bernadinho, como é conhecido, deixou uma reflexão para as lideranças: “Toda cooperativa, empresa ou time tem valores e o líder é o guardião deles. Eu, como treinador, não negocio com os valores do time”. A apresentação do encontro ficou por conta da jornalista Renata Flores.