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Laranja, limão e mexerica ganham destaque na safra de Minas

19/06/2019
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O cultivo das frutas cítricas em Minas Gerais aponta para grande potencial de crescimento com foco na produção de tangerina (mexerica), laranja e limão. Essas lavouras são comandadas no estado por quase 15 mil agricultores e as estimativas para a safra 2019/2020 indicam volume de 1 milhão de toneladas.

Segundo o coordenador da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural de Minas Gerais (Emater-MG), Deny Sanábio, os sucos produzidos com frutas cítricas estão entre os mais consumidos.

“Há uma tendência de a população consumir esses tipos de sucos, substituindo outros produtos. Com base na comercialização na unidade da CeasaMinas em Contagem, os citros estão entre as plantas mais vendidas. Isso demonstra que a citricultura é uma atividade para se investir em Minas Gerais”, afirma.

O estado, ainda segundo a Emater-MG, responde por 20% da produção brasileira da tangerina. A área plantada chega a 9,5 mil hectares. Já a performance da laranja alcança 950 mil toneladas e a fruta também ocupa o segundo lugar no ranking nacional, abrangendo 36,6 mil hectares.

Também o limão vem se destacando. De acordo com dados da Secretaria de Estado da Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Minas (Seapa-MG), no ano de 2017, a produção mineira foi de 48 mil toneladas, o que representou 3,7% da produção nacional, quarta colocação entre os estados brasileiros.

A área cultivada foi de 2,7 mil hectares, com produtividade de 18 mil quilos por hectare. Os cinco principais municípios produtores de limão são Matias Cardoso, Jaíba, Iturama, Botelhos e Janaúba, que, juntos, representam 86,3% da produção estadual. No ano passado, as exportações mineiras alcançaram US$ 1,6 milhão. Os principais países compradores foram Holanda, Reino Unido. Bélgica, Portugal e Emirados Árabes Unidos.

A Região Central de Minas é uma das maiores produtoras dessas frutas. O principal citro é a tangerina, com área plantada de 4,5 mil hectares e produção de 40,4 mil toneladas na safra 2018/2019. “O estado tem excelentes condições de clima, solo e água. É bem localizado na Região Sudeste, próximo de grandes centros populacionais. A atividade, geradora de emprego e renda, é uma das que mais vêm crescendo em Minas Gerais”, diz Deny Sanábio.

Para quem quer investir na produção de tangerina, o técnico da Emater Sidney Lacerda orienta: “A primeira coisa a fazer é comprar mudas de viveiros idôneos. Aqueles que tenham certificado sanitário com relação às doenças da cultura”, lembra.

Outra medida importante é o combate e o controle de pragas e doenças, como o Greening, uma das mais destrutivas doenças dos citros, que chegou ao Brasil em 2004. A bactéria ataca árvores novas, que nem chegam a produzir, e também as adultas, já em produção, que sofrem com a queda prematura de frutos, e definham ao longo do tempo.

“O inseto que transmite essa doença é muito pequeno. O tamanho dele é entre 2 e 3 milímetros e o bicho tem coloração cinza, com algumas manchas de marron nas asas”, afirma o coordenador de fruticultura da Emater-MG. É muito importante monitorar esse inseto com iscas adesivas e fazer pulverização quando o índice dessa praga atinge 10% dos brotos vistoriados, de acordo com o técnico da Emater-MG Bruno Brandão.

Adaptação José Édson de Amorim é do município de Piedade dos Gerais. Em sua propriedade, no Sítio Novo, ele produz laranja-pêra e serra d’água. São 14 hectares em produção, um pouco menos do que o pomar de tangerina, que chega a 19 hectares. “O gosto pela atividade veio de família. A região é muito boa para a citricultura”, diz.

O produtor recebe orientação técnica da Emater-MG. “A empresa traz alternativas para as dificuldades que encontramos no dia a dia.”
A produção de laranja do Sítio Novo é comercializada na unidade da CeasaMinas na Região Metropolitana de Belo Horizonte. Já a tangerina é vendida para São Paulo, Rio de Janeiro e Região Nordeste. “Para mim, aqui na região, a citricultura é melhor do que a pecuária. Apesar das variações da cultura, dá um bom retorno”, destaca José de Amorim.

Para garantir a qualidade das tangerinas produzidas em sua propriedade, ele conta com a orientação da Emater-MG. “A adaptação da tangerina poncã aqui na região é muito boa. O clima é mais frio, com boa distribuição de chuvas durante o ano, que permite uma boa produção”, explica o extensionista da Emater-MG Wagner Fanny.

Pomar mais produtivo e de qualidade

O pesquisador Fernando Alves de Azevedo, do Instituto Agronômico (IAC) da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, apresentou a técnica do plantio adensado e as variedades de citros, durante a 41ª Semana da Citricultura, no último dia 4 na cidade paulistana de Cordeirópolis. Pomares com alta densidade podem atingir 50% de produtividade adicional, ainda que o rendimento por planta possa diminuir.

Segundo Azevedo, na redução do espaçamento entre as plantas tem-se melhor aproveitamento da área do pomar, possibilitando aumento notável da produtividade, sem prejuízos à qualidade dos frutos. “Para isso, é necessário um planejamento adequado que considere aspectos como combinações de copas e porta-enxertos, uso de irrigação e um nível técnico alto no sistema de produção”, diz o pesquisador.

Azevedo destacou a importância dos porta-enxertos ananicantes como fator inerente ao aumento da densidade das plantas. “O porta-enxerto trifoliate Flying Dragon e os citrandarins, por exemplo, estão sendo usados em plantações de alta densidade”, afirma.

O pesquisador do IAC relata que o Brasil ocupa posição de destaque entre os citricultores do mundo, mas encara desafios para manter a produtividade. Além disso, os problemas fitossanitários alarmam a indústria, questionando sua sustentabilidade. “Mesmo diante de adversidades, no entanto, a indústria cítrica brasileira é muito dinâmica e continua a sofrer mudanças nos padrões tecnológicos, incluindo a densidade de plantio”, afirma Azevedo.

Outro aspecto da citricultura abordado foi o interesse de produtores brasileiros por novas variedades de limão. Essa demanda vem sendo impulsionada pela produção de óleos essenciais, que têm alto valor agregado. O tema foi tratado pelo doutorando do IAC Rodrigo do Vale Ferreira. A produção mundial de limão é destinada basicamente  ao mercado de frutas frescas, preparo de bebidas, uso culinário, produção de suco concentrado, indústria de refrigerantes e alimentos e extração de óleos essenciais e pectina (elemento hidrossolúvel encontrado em abundância nas frutas cítricas, empregado no preparo de geleias e alimentos similares).

Rodrigo Ferreira explica que as variedades cultivadas mundialmente provêm de três linhagens: eureka, lisboa e femminello, sendo que as variedades eureka, lisboa, femminello, genova, interdonato, verna, fino, villafranca estão entre as mais cultivadas. “No Brasil, basicamente cultivam-se seleções do tipo eureka, incluindo a variedade siciliano IAC 262”, diz Ferreira.

Embora as pesquisas tenham mostrado que variedades da linhagem eureka apresentam incompatibilidade com trifoliatas, esses porta-enxertos vêm sendo utilizados para as demais linhagens.

Em geral, além dos trifoliatas, são utilizados laranja azeda, limão-cravo, tangerina cleópatra e citranges. Ferreira também abordou a pesquisa com a variedade eureka km 47, estudo conduzido pelo pesquisador do IAC José Orlando de Figueiredo, mostrando que Citrus pennivesiculata e tangerina cleópatra apresentaram bom desempenho produtivo nas condições de Araraquara, no interior de São Paulo.

Fonte: Estado de Minas

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