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Mais uma vez, o Agro salva o Brasil

27/03/2023
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Com um superávit de US$ 8,56 bilhões, compensou o déficit de US$ 5,73 bilhões dos demais setores, garantindo um resultado positivo de US$ 2,83 bilhões

Recentemente, o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) divulgou os dados das exportações do Agronegócio no mês de fevereiro de 2023. Mais uma vez, o agro salvou o resultado da balança comercial do Brasil. Com um superávit de US$ 8,56 bilhões, compensou o déficit de US$ 5,73 bilhões dos demais setores, garantindo um resultado positivo de US$ 2,83 bilhões.

No acumulado de março de 2022 a fevereiro de 2023, o superávit comercial do agronegócio somou US$ 141,96 bilhões, valor 26,2% maior que em março de 2021 a fevereiro de 2022. O saldo da balança foi o resultado de US$ 159,69 bilhões de exportações (crescimento de 24,9% ante igual período anterior) e US$ 17,73 bilhões de importações (crescimento de 15,6%). Apesar desse cenário positivo, deve-se notar uma queda no valor das exportações no comparativo com janeiro desse ano. A soma das exportações caiu de US$ 10,2 bilhões para US$ 9,9 bilhões. Em 2019, 2020, 2021 e 2022, fevereiro foi maior que janeiro.

Para fins de comparação, o déficit comercial apresentado pelos demais setores da economia no mesmo período foi de US$ 79,90 bilhões. O resultado foi pior que o ano passado devido à expressiva alta do valor das importações (19,4%) em relação ao das exportações (5,8%). No total da economia, a balança comercial brasileira dos 12 últimos meses acumula superávit de US$ 62,06 bilhões, valor abaixo do observado em igual período dos 12 meses anteriores. Mais uma vez, o déficit dos demais setores da economia foi compensado parcialmente pelo aumento do superávit do agronegócio que, desde dezembro de 2021, vem batendo recordes de exportações.

Quem mais contribuiu para os resultados do agronegócio?

As commodities agrícolas com as maiores contribuições positivas em fevereiro foram o milho, o farelo e o óleo de soja, a celulose, as carnes suína e de frango e os sucos. A participação dessas commodities na balança comercial mês passado foi fundamental para compensar a queda nos embarques de outros produtos que tradicionalmente possuem peso mais elevado na pauta de exportação, como a soja em grão, algodão e café. Um comparativo de fevereiro de 2022 com fevereiro de 2023, dos produtos com as principais mudanças, pode ser observado na tabela 1.

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Tabela 1: Exportações brasileiras do agronegócio, principais produtos (fevereiro 2023)

O campeão em crescimento em fevereiro foi o milho, muito em decorrência da assinatura do acordo com a China, em outubro de 2022. A partir daí, os embarques de milho para o país asiático aumentaram significativamente, chegando a 1,1 milhão de toneladas em dezembro. Neste ano, espera-se uma queda na safra de milho dos Estados Unidos, o que aumentará ainda mais as exportações do produto para China pelo Brasil.

Entre os produtos processados de soja no Brasil, a exportação do óleo de soja tem se destacado. Em fevereiro, o óleo de soja apresentou crescimento de 70,5% ante o mesmo período do ano anterior.

No segmento proteína animal, as carnes suína e de frango apresentaram significativa expansão em fevereiro ante o mesmo mês do ano anterior, tanto em valor – 26,6% e 13,1%, respectivamente – quanto em quantidade – 11,4% e 3,4%, respectivamente.

Commodities importantes caíram

O principal produto na pauta de exportação em fevereiro foi a soja em grãos. A queda de 8,1% em valor no comparativo com o mesmo mês de 2022 foi reflexo da queda nas cotações internacionais e do volume embarcado (-17%), causado pelo atraso na colheita. No entanto, a expectativa para a safra 2022-2023 é que a produção e a exportação brasileira de soja atinjam volumes históricos e o Brasil se mantenha na liderança como o maior produtor e exportador, segundo o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos.

Com o recuo da produção norte-americana e argentina, em função de problemas climáticos, ambos os países estão focando no esmagamento do grão para manter os mesmos níveis de exportação de farelo de 2021-2022, o que permitirá uma participação ainda maior do Brasil como fornecedor mundial (17,6%). Ou seja, apesar do solavanco de fevereiro na soja, a previsão para 2023 é de forte crescimento.

Em relação ao preço do grão, tanto os comercializados no Brasil quanto aqueles do mercado internacional estão abaixo de 2021 e 2022, mas ainda assim acima de 2019 e 2020. A projeção para 2023 e 2024 é de queda, fechando o ano com US$ 1.430,00 e US$ 1.375,00, respectivamente.

Já as exportações de trigo, que chegaram a ser destaque por vários meses na pauta de exportação após o início do conflito entre a Rússia e a União Europeia, voltaram a cair, fechando o mês com queda de 28,4% em valor e 34,6% em quantidade.

O que esperar para 2023?

Apesar do saldo positivo para a balança comercial do agronegócio, o mês de fevereiro apresentou pior desempenho em relação ao mesmo período no ano passado. Entretanto, a queda no valor e quantidade exportados em diversos produtos em fevereiro não pode ser considerada uma tendência. Segundo o IPEA, o atraso na colheita da soja e o problema com a interrupção das exportações de carne bovina em função da suspeita de EEB (Encefalopatia Espongiforme Bovina, doença degenerativa bovina) afetaram o comércio internacional de produtos brasileiros. Mas como falamos, tais acontecimentos podem ser considerados pontuais.

Pelos seus investimentos em tecnologia e educação na área, o Brasil está desempenhando um papel melhor do que nunca no setor. E nossa expectativa é de continuar a fazê-lo, haja vista a crescente procura dos produtores pela especialização de sua mão de obra.

Projetos de treinamento e consultoria que antes eram restritos à indústria automotiva ou aos grandes bancos começaram a embalar no agronegócio. Cada vez mais, os profissionais estão buscando a melhora na produtividade por meio de capacitações e pós-graduações em gestão de projetos e projetos Lean Seis Sigma. É uma escolha assertiva para o momento.

Virgilio Marques dos Santos é um dos fundadores da FM2S, doutor, mestre e graduado em Engenharia Mecânica pela Unicamp e Master Black Belt pela mesma Universidade. Foi professor dos cursos de Black Belt, Green Belt e especialização em Gestão e Estratégia de Empresas da Unicamp, assim como de outras universidades e cursos de pós-graduação. Atuou como gerente de processos e melhoria em empresa de bebidas e foi um dos idealizadores do Desafio Unicamp de Inovação Tecnológica.

Fonte: FM2S Educação e Consultoria

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