A Aliança Cooperativa Internacional (ACI) une, representa e atende cooperativas em todo o mundo, estimadas em cerca de 3 milhões em todo planeta, proporcionando uma voz global de conhecimento, experiência e ação coordenada para e sobre as cooperativas.
Este ano a ACI completou 125 anos de contribuição, ações e iniciativas que tem impulsionado a expansão e consolidação do movimento cooperativista. Mas quais os próximos passos do cooperativismo? Em meio a mudanças mundiais, o que esperar daqui para frente?
Para falar sobre questões atuais que vem crescendo no meio cooperativo, tendências e necessidades da atualidade e guiar o futuro das cooperativas, a revista MundoCoop, conversou no final de agosto com o presidente a frente da entidade, Ariel Guarco.
Quais são os novos desafios globais? Como o cooperativismo, por seu amplo papel na sociedade, pode contribuir para resolvê-los?
Sem dúvida um dos principais desafios que a humanidade atravessa hoje é a saúde. A pandemia ainda está presente em praticamente todo o mundo, com mais de 22 milhões de infectados e mais de 800 mil mortes. Esses números continuarão crescendo e a principal responsabilidade das sociedades é reduzi-los ao mínimo possível. Nesse sentido, o cooperativismo materializou aquele slogan que o Papa Francisco pronunciou há algumas semanas: “Ninguém se salva sozinho”.
Na Aliança Cooperativa Internacional estamos coletando as ações que nossos membros estão realizando em todo o planeta. Em primeiro lugar, as cooperativas que se dedicam à prestação de serviços de saúde, que estão a fazer um trabalho admirável, cuidando e atendendo às pessoas afetadas, mas também em um outro nível fundamental como a informação. As nossas cooperativas estão a informar claramente em um contexto de forte circulação de mensagens que colocam em risco a saúde das pessoas.
Em outros ramos, como a produção de alimentos ou outros bens básicos para a vida das famílias, o refinanciamento do consumo e da produção, o desenvolvimento de tecnologias que permitam a conectividade, a continuidade na prestação de serviços públicos essenciais, entre outros, as cooperativas também estão fazendo um grande esforço e provando que são o modelo de negócio que responde melhor e mais rapidamente às emergências.
Como a ACI vê o desempenho das cooperativas hoje? As cooperativas devem liderar a transformação da economia?
Essas ações que as cooperativas estão realizando na pandemia, mesmo tendo sido afetadas sanitária e economicamente como quase todas as empresas, as posicionam mais uma vez como empresas resilientes, que estão próximas de suas comunidades e podem liderar o caminho para o desenvolvimento sustentável.
Esta pandemia revelou, por um lado, a crescente ameaça iminente sobre nós como humanidade, se não mudarmos a forma como nos relacionamos com a Natureza. O atual modo de produção e consumo linear e desenfreado levará a mais desastres ambientais e terá consequências mais negativas para a saúde humana. Por outro lado, a saúde não pode ser uma mercadoria. Hoje o setor solidário, junto com os estados, mas mesmo com o setor privado com fins lucrativos na área da medicina, mostra que é necessário apelar aos órgãos de cooperação para atender à emergência.
Mais uma vez, ninguém se salva sozinho, e se me permitem citar o Francisco mais uma vez, não sairemos desta pandemia da mesma forma, sairemos melhor ou pior. Acredito que as cooperativas estão preparadas para liderar um novo caminho de desenvolvimento em escala global que contribua para o crescimento econômico sem descuidar do planeta e sem deixar ninguém para trás.
Para acompanhar a entrevista na íntegra acesse o Portal da Revista MundoCoop.