A busca de soluções conjuntas e a promoção do diálogo entre produtores e indústrias do setor de lácteos em Minas Gerais são os principais objetivos do Conselho Paritário de Produtores /Indústrias de Leite no Estado de Minas Gerais (Conseleite/MG). O Sistema Ocemg integra esta associação civil representando as cooperativas que possuem laticínios e que englobam milhares de produtores rurais do Estado.
Além do entendimento mútuo em prol do desenvolvimento do setor, o conselho criou uma metodologia para o cálculo do valor de referência do leite, que leva em consideração as particularidades de cada produção e norteia a comercialização pelo fornecedor. Sendo Minas Gerais o maior produtor de leite do país e as cooperativas responsáveis por 19% da produção leiteira no Estado, o Jornal Cooperação convidou o presidente e o vice-presidente do Conseleite/MG, Eduardo Pena e Yago Sartori, respectivamente, para falarem sobre a atuação e a importância do conselho para toda a cadeia produtiva de leite no Estado. Pena é engenheiro agrônomo e atual vice-presidente do Sistema Faemg. Já Sartori é médico veterinário de formação e gerente de Captação e Fomento da Embaré.
O que é o Conseleite/MG e qual é sua relevância para o segmento de leite no Estado?
Eduardo Pena: O Conseleite/MG é uma iniciativa privada entre produtores e indústria, uma associação civil regida por estatuto e regulamentos próprios, que reúne representantes de produtores rurais de leite do Estado e das indústrias de laticínios de Minas. O conselho é paritário, ou seja, o número de representantes dos produtores rurais é igual ao número de representantes das indústrias.
Yago Sartori: A relação indústria/produtor é uma relação de interdependência, logo, é de suma importância que discutam os desafios da cadeia produtiva do leite em conjunto. Esse espaço foi criado após a consolidação do Conseleite em Minas Gerais. No Conseleite/MG, além dos produtores obterem informações mais aprofundadas do mercado de venda de cada derivado, discutimos desafios da cadeia como qualidade, competitividade, logística etc.
Quais vantagens o conselho traz para o setor? Das conquistas alcançadas, quais se destacam até o momento e qual é o foco da atuação do Conseleite-MG para os próximos anos?
E.P.: Destaco diversas vantagens para produtor e indústria com a criação do Conseleite/MG. Entre elas, para o produtor, estão: ter referência para negociação e acesso a parâmetros técnicos e econômicos, dispor de informações gerenciais de custo de produção em diferentes sistemas, identificar a capacidade de pagamento da indústria, além de ter consultoria e estratégia de mercado e melhor relacionamento com a indústria. Por sua vez, o segmento industrial tem como vantagens: facilidade no processo de negociação e melhor relacionamento com o produtor, abastecimento mais estável, redução de conflitos, diminuição da disputa predatória entre indústrias, bem como consultorias e informação de custos e preços e estratégia de mercado.
A nossa esperança é que no futuro tenhamos um número bem maior de participantes da indústria de laticínios, quanto maior for o número de informação mais precisos seremos nas divulgações das nossas resoluções. É preciso saber também que o Conseleite/MG não é tabelamento de preços, e sim um valor de referência para livre negociação da matéria-prima leite. As resoluções do conselho nos indicam as tendências e variações do mercado para que os produtores de todo o Estado entendam as flutuações de um mercado tão sensível e volátil.
Y.S.: Acredito que a maior conquista do Conseleite/MG até aqui foi a promoção do diálogo entre produtores e indústrias. O foco agora é trazer mais indústrias e mais produtores a participarem do conselho e ampliarmos o diálogo. Minas Gerais é um Estado exportador de leite e só manteremos e expandiremos este mercado através da união de forças entre os dois elos da cadeia.
Qual é a importância de promover o encontro entre produtores e indústrias em prol do desenvolvimento do setor?
E.P.: O fundamento principal do Conseleite/MG é servir de base para a livre negociação comercial entre as partes, produtores de leite e indústria, com foco na transparência nas regras e na metodologia, chegando a decisões que são paritárias e com base técnica. E o objetivo do conselho é buscar soluções conjuntas, pelos produtores rurais e indústrias, para resolver problemas comuns do setor lácteo, e divulgar os valores de referência para a matéria-prima leite, seguindo parâmetros de qualidade e volume a partir dos preços de comercialização de leite e seus derivados, praticados pelas empresas participantes do conselho.
Y.S.: Como disse anteriormente, apesar da relação produtor/indústria ser de interdependência, o convívio por vezes requer habilidade, por isso, julgo de grande importância para o setor o conselho proporcionar este diálogo.
