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Produção de açúcar deve crescer 7% no Centro-Sul

22/03/2019
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Estimativa é para a safra 2019/20.

São Paulo – As usinas do Centro-Sul do Brasil devem produzir 7% mais açúcar na safra 2019/20, que se inicia em abril, em meio a um incremento de moagem de cana e perspectivas de valorização da commodity por causa do déficit global de oferta que se desenha à frente, mostrou uma pesquisa da Reuters divulgada na sexta-feira (22).

Em 2018/19, o setor maximizou a fabricação de etanol, graças a retornos mais generosos, mas agora a tendência é de que haja um ligeiro incremento na alocação de matéria-prima para a produção do adoçante.

Na média de estimativas de oito consultorias e empresas do segmento, o Centro-sul deve produzir 28,4 milhões de toneladas de açúcar em 2019/20, ante 26,5 milhões em 2018/19, que marcou o menor volume em dez anos. Quanto à fabricação de etanol, esta deve cair para 29,3 bilhões de litros, após um recorde de 30,5 bilhões no ciclo anterior.

Baixos preços do açúcar ao longo do ano passado, com mínimas em uma década, levaram o setor sucro-energético brasileiro a focar no etanol, que ainda se mantém competitivo ante a gasolina após a Petrobras adotar uma política de preços de combustíveis em linha com o mercado internacional.

Mas a previsão é de que, até o fim do ano, as coisas estejam diferentes. Devido a reduções de produção de açúcar em diversas geografias, espera-se que a safra global 2019/20, a partir de outubro, observe déficit de oferta, potencialmente dando sustentação às cotações da commodity na Bolsa de Nova York.

?Nosso cenário de preços indica que o preço do açúcar tem viés de alta durante toda a safra. E o etanol, que hoje está com preço muito bom, vai cair até meados do ano, como sempre cai. A gente acredita que, mais para a metade do ano, o açúcar pode estar pagando mais do que o etanol por causa do cenário global. Então é aí que aparece o viés mais açucareiro?, disse o sócio-diretor da Job Economia, Julio Maria Borges.

Com efeito, uma outra pesquisa recente da Reuters mostrou que as cotações da commodity, atualmente na casa dos 12 centavos de dólar por libra-peso, devem superar 14 centavos de dólar no fim do ano na bolsa ICE.

Já o analista Fábio Meneghin, da Agroconsult, explicou que o aumento esperado pela consultoria de cerca de 9% na produção da commodity, a 28,8 milhões de toneladas, ocorrerá por “uma safra de cana um pouco maior, além do mix de produção voltando alguns pontos percentuais para o açúcar?.

Ele ponderou, contudo, que o ciclo 2019/20 ainda será majoritariamente alcooleiro. “A paridade entre o açúcar e etanol continua favorável ao biocombustível, mas a vantagem média do etanol deverá ser menor em 19/20”.

Moagem – Conforme a média das estimativas coletadas pela Reuters, o Centro-sul deve registrar processamento de 572,4 milhões de toneladas de cana na nova temporada, um pouco acima dos 570 milhões amplamente esperados pelo mercado na atual safra 2018/19. As estimativas, contudo, divergem bastante.

A Agroconsult, por exemplo, projeta moagem de 575 milhões de toneladas e não descarta um volume ainda maior, na casa de 590 milhões, caso “se confirmem as previsões de chuva em março e abril”.

A Copersucar, líder global em comercialização de açúcar e etanol, considera 590 milhões de toneladas em sua estimativa mais otimista, com aumento da produtividade agrícola puxado por “um menor envelhecimento do canavial na região Centro-sul do Brasil, caso as condições climáticas se confirmem dentro de um cenário de normalidade”.

Já a Job Economia vê o oposto, prevendo processamento até 1,4% menor, para 562 milhões de toneladas, no ponto mais baixo da estimativa da consultoria.Para João Paulo Botelho, da INTL FCStone, apesar de chuvas regulares a partir de fevereiro, com impactos positivos sobre a cultura, “a idade avançada dos canaviais e a menor área disponível para colheita devem manter a moagem abaixo da temporada passada”.

A consultoria vê processamento de 564,7 milhões de toneladas.Os canaviais no Centro-sul do Brasil apresentam envelhecimento acima do ideal, o que reduz a produtividade, em um reflexo direto de baixos investimentos pelo setor dadas as dificuldades financeiras nos últimos anos. (Reuters)

Fonte: Diário do Comércio

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