
Ao longo do ano, os participantes irão aprender a estruturar projetos sustentáveis e de impacto social
Todo grande movimento de transformação começa com um propósito bem definido. No cooperativismo, essa ideia ganha ainda mais força, porque são as pessoas que fazem a diferença e geram mudanças nas próprias comunidades onde estão inseridas. Com esse olhar, o Sistema Ocemg iniciou a 5ª turma do Programa Agentes de Transformação e Prosperidade Social (ATPS), que conta com 36 participantes de cooperativas mineiras.
Durante a aula do primeiro módulo, realizada no dia 11 de março, o presidente do Sistema Ocemg, Ronaldo Scucato, destacou a educação como um pilar essencial para o fortalecimento das cooperativas. “O cooperativismo só se manterá relevante se formarmos pessoas capacitadas para dar continuidade aos seus princípios e aplicá-los de forma concreta”, afirmou.
Scucato também reforçou a importância do engajamento das cooperativas na construção de um futuro mais sustentável, um dos focos do programa. “Ainda há quem enxergue um conflito entre sustentabilidade e resultados financeiros, mas a experiência mostra que é possível crescer de maneira responsável. No ATPS, estamos preparando profissionais que atuarão na construção desse futuro”, acrescentou.
Desenvolvido pelo Sistema Ocemg em parceria com a Fundação Dom Cabral, o programa ATPS está alinhado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), da Organização das Nações Unidas (ONU). O foco é fortalecer a atuação das cooperativas como agentes de desenvolvimento local por meio de projetos alinhados à agenda ESG — de ações ambientais, sociais e de governança.
Atuar com propósito
Na primeira aula de 2025, a turma de cooperativistas foi conduzida a uma reflexão sobre propósito. O professor da Fundação Dom Cabral, Pedro Lins, destacou a importância de enxergar projetos socioambientais não como filantropia, mas como oportunidades para as cooperativas promoverem impacto sustentável nas comunidades em que atuam.
“Muitos querem realizar transformações, mas não sabem como estruturar essa intenção. No ATPS, ajudamos a compreender que é possível criar projetos que vão além da filantropia. Para isso, é fundamental ter clareza sobre qual problema se quer resolver, as demandas sociais envolvidas e como mensurar os impactos. O propósito não pode ser apenas um conceito abstrato, deve ser a base para iniciativas sólidas”, ressaltou.
Transformação concreta
Um dos diferenciais do programa ATPS é a construção prática de projetos de desenvolvimento sustentável ao longo da formação, que dura cerca de 10 meses. A metodologia permite que os participantes compreendam todas as etapas da construção de um projeto, garantindo que ele gere valor tanto para as cooperativas quanto para a sociedade.
“Muitos participantes começam a formação sem essa visão e, conforme avançam nos módulos, enxergam a importância dos indicadores e do acompanhamento contínuo. Isso faz com que os projetos saiam do papel e tenham um impacto real e mensurável. Em alguns casos, eles já conseguem apresentar resultados antes mesmo do final do programa”, destacou a coordenadora técnica do ATPS, Gabriela Reis, também professora da Fundação Dom Cabral.
Segundo a gerente de Educação e Sustentabilidade do Sistema Ocemg, Andréa Sayar, o programa ATPS tem sido fundamental para as cooperativas mineiras elaborarem projetos de impacto para suas comunidades e, principalmente, para tirá-los do papel e transformá-los em ações concretas. “Sabemos que muitos municípios e até parte das cooperativas enfrentam dificuldades para avançar, porque o cooperativismo lida com a imprevisibilidade. Por isso, é fundamental termos responsabilidade com esse trabalho. Ao longo dos módulos, conseguiremos transformar ideias em prática e enxergar tanto as oportunidades quanto os desafios”, ponderou.
Expectativas para a jornada de transformação
Cada participante do ATPS inicia essa jornada com expectativas e desafios próprios, mas todos compartilham um objetivo em comum: transformar ideias em ações concretas. Durante o primeiro módulo, os cooperativistas refletiram sobre suas motivações e expectativas para o programa, destacando os aprendizados que esperam adquirir e os impactos que desejam gerar em suas comunidades. Confira alguns depoimentos:
“Como dirigentes, temos a responsabilidade de transformar ideias em ação. O cooperativismo se fortalece com a intercooperação, e o ATPS nos dá a oportunidade de trocar experiências e buscar soluções concretas para nossas cooperativas e comunidades. Além disso, o aprendizado é contínuo. Não importa o cargo que ocupamos, sempre há algo novo a absorver”.
Sérgio Lages Murta, diretor-presidente da Federação Nacional das Cooperativas Médicas
“Minha expectativa com o ATPS é aprofundar os conhecimentos sobre agricultura sustentável e levar essas práticas para dentro da cooperativa e da comunidade. Trabalhamos com café, e buscamos sempre inovações e tecnologias que possam agregar valor. Além disso, queremos ampliar os projetos que já realizamos, principalmente com a juventude”.
Clésio Reis, gestor de sustentabilidade e patrimônio da Cooperativa de Cafeicultores na Região do Cerrado Mineiro de Araguari
“Quero aproveitar ao máximo para ampliar meu conhecimento, fazer networking e, principalmente, aprender a estruturar um projeto sólido e aplicável. Minha expectativa é sair daqui com uma ideia consolidada, capaz de gerar um impacto real na comunidade onde atuamos”.
Larissa de Castro, analista de investimento social e estratégico do Sicoob NossaCoop.
ATPS sem fronteiras
Participantes da turma do ATPS de 2024 estão alçando novos voos e participam este mês, de 8 a 14 de março, de uma aceleradora de projetos de sustentabilidade na Católica-Lisbon School of Business and Economics, em Portugal. A iniciativa busca aprimorar os projetos desenvolvidos pelas cooperativas para ampliar seus impactos nas comunidades e fortalecer o cooperativismo como agente de transformação social.
Quer saber mais sobre este programa?
Confira a matéria de capa publicada em janeiro no Cooperação em Pauta.