A aprovação, no último domingo (17/01), das vacinas contra a Covid-19 pela Anvisa, trouxe novo alento à população, mas os números de contágio e mortes seguem altos no Estado. Portanto, os cuidados para evitar a transmissão da doença, como o uso de máscaras e álcool em gel, distanciamento e outras ações, seguem muito importantes. É o que confirma o Secretário de Estado de Saúde de Minas Gerais desde fevereiro de 2019, Carlos Eduardo Amaral. Neurocirurgião e neurorradiologista intervencionista, médico da Fundação Hospitalar do Estado (Fhemig) e professor da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), Amaral é também vice-presidente da região Sudeste do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass).
Em entrevista para o portal do Sistema Ocemg, o Secretário de Saúde detalha a situação da pandemia de Covid-19 em Minas Gerais, as metas e desafios da vacinação e sua percepção sobre o cooperativismo para o setor da saúde.
Como avalia a situação da pandemia em Minas, desde março até agora?
A partir de projeções do que acontecia na Itália, na Espanha e no Equador, com grande volume de óbitos, tomamos medidas emergenciais e iniciamos a preparação para enfrentar a pandemia. O Governo de Minas instituiu o Centro de Operações de Emergência em Saúde – COES e a Sala de Situação, que monitora todos os casos da Covid-19, sendo que as 28 Regionais de Saúde do Estado passaram a ter uma Sala de Situação.
Começamos o monitoramento dos contatos dos casos suspeitos, elaboramos o Protocolo da Covid-19 e o Plano de Contingência de Coronavírus, e o Governo declarou situação de emergência em saúde pública em razão de surto de doença respiratória.
O Estado começou a solicitar o isolamento social e, em paralelo, compramos equipamentos de proteção individual, respiradores e a ampliar o número de leitos – dobramos os leitos de UTI e abrimos vagas em municípios que antes não tinham. Vimos uma aderência muito grande dos mineiros às orientações do Governo, o que contribuiu para melhores resultados. Outra ação assertiva foi o Plano Minas Consciente – primeiro programa nacional de compatibilização das atividades econômicas e controle sanitário da saúde. Essas medidas fizeram com que Minas fosse o Estado com o menor número de óbitos por milhão de habitantes do Brasil.
Tivemos em julho e agora no começo de 2021, um aumento de casos. Esta alta tem relação com o momento mundial e com a mobilidade das pessoas, além da redução do isolamento e dos cuidados de proteção individual. Todos os esforços estão sendo feitos para seguirmos sem deixar nenhum mineiro sem assistência. Mas é preciso que a população faça sua parte.
Quais as metas para imunização da população nos próximos meses?
O Governo de Minas está alinhado ao Programa Nacional de Imunização (PNI), coordenado pelo Ministério da Saúde, que tem contratos com vários laboratórios fornecedores de vacinas, em especial a Astrazenica/Oxford e também com o pool Covax facilit. Além disso, o Governo Federal tem a intenção de adquirir toda e qualquer vacina disponível ao mercado brasileiro e aprovada pela Anvisa.
Sobre a vacinação, devemos começar na transição de janeiro para fevereiro, focada nos públicos prioritários e, a medida em que as vacinas estiverem disponíveis, o país ampliará a imunização para chegar a todos os brasileiros.
Quais são os desafios para aplicar a vacina em um Estado como Minas Gerais?
Minas tem a dimensão de países e uma complexidade populacional extremamente grande, com 853 municípios. Mas, desde julho de 2020, iniciamos a elaboração do Plano de Contingência da Vacinação para Covid-19, que nos preparou do ponto de vista instrumental e operacional. O Governo de Minas comprou seringas e equipamentos de proteção individual e câmaras refrigeradas para serem distribuídas aos municípios. Conjuntamente, foi elaborado o Plano de Contingência Vacinal Macrorregional, que inclui toda a logística de distribuição das vacinas, saindo de Belo Horizonte para as nossas regionais e delas para os municípios e postos de saúde. Para otimizar essa operacionalização, estamos treinando as equipes estaduais e municipais há mais de dois meses, inclusive com vídeoconferências do gabinete da SES/MG, com prefeitos e secretários municipais de saúde, buscando o máximo de alinhamento para a perfeição da vacinação.
Quais as principais instruções da Secretaria de Estado de Saúde para as pessoas em relação ao coronavírus?
A pandemia não acabou e é fundamental que as pessoas entendam a necessidade de manter os cuidados de proteção para evitar a contaminação com o vírus. Esses cuidados se baseiam no distanciamento, na higiene, no uso de máscaras e, principalmente, na restrição de circulação. Se cada pessoa se cuidar e aderir a essas medidas, isso vai impactar na redução da transmissão do vírus e, consequentemente, na normalização, dentro do possível, das atividades diárias.
As cooperativas de saúde são importantes aliadas no combate e tratamento da Covid-19 na capital e em o todo Estado. Como a Secretaria de Saúde enxerga o trabalho do cooperativismo para o setor?
O cooperativismo é um arranjo produtivo extremamente interessante, no sentido de unir profissionais de áreas afins em busca de objetivos comuns. Na saúde, soma forças e coordena as ações do segmento, permitindo que profissionais, por meio de uma ação coordenada e integrada, levem uma excelência de atenção à saúde das pessoas.