Estado é pioneiro na elaboração de uma programação com foco em criar estratégias para mitigar os impactos da mudança de clima
As mudanças climáticas têm sido uma preocupação mundial. Resultantes de diversos fatores, tanto naturais quanto provocados pela atividade humana, essas transformações têm repercussões significativas na saúde, moradia, segurança e na produção de alimentos, afetando principalmente as comunidades mais vulneráveis. Um exemplo é a tragédia no Rio Grande do Sul, onde inundações assolaram o Estado, deixando milhares de desabrigados e um número ainda incerto de mortos, atraindo a atenção do mundo todo.
Neste sentido, para fazer uma análise profunda dos desafios provocados pelas mudanças no clima, além de pensar em como mitigar seus impactos no Estado, a Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) vai promover o “Seminário Técnico sobre Crise Climática e seus Impactos em Minas Gerais“. O evento acontecerá em agosto e as pautas estão sendo construídas coletivamente por pesquisadores, órgãos públicos e entidades da sociedade civil, dentre elas o Sistema Ocemg que foi convidado a integrar os grupos temáticos sobre o tema.
O assessor institucional do Sistema Ocemg, Geraldo Magela, reforça que a iniciativa pretende amenizar os efeitos da crise climática em Minas sob a ótica econômica, ambiental e social. “Fomos convidados devido à nossa experiência e todo o conhecimento que podemos compartilhar, a exemplo do Programa MinasCoop Energia e todo o trabalho que temos feito em nossas cooperativas em Minas”, explica.
Encontros regionais
A ALMG chama atenção para o fato de que em Minas Gerais, diversas regiões já sofrem severamente os efeitos dessas mudanças, seja por períodos prolongados de seca ou por intensas chuvas, acarretando prejuízos econômicos, sociais e ambientais consideráveis. Por isso, durante o processo preparatório para o Seminário, serão realizados encontros regionais no Estado, especialmente nas regiões mais afetadas pelas mudanças climáticas.
O primeiro encontro aconteceu em Araçuaí, no Vale do Jequitinhonha, no dia 20 de maio. Em novembro de 2023, a cidade registrou um recorde de temperatura, atingindo 44,8 graus Celsius. Parlamentares, lideranças locais e a população participaram das discussões, buscando alternativas para uma melhor convivência com os eventos climáticos extremos, que se tornam cada vez mais frequentes.
Confira a agenda dos encontros regionais:
- 27/05/2024 – Itajubá
- 07/06/2024 – Juiz de Fora
- 10/06/2024 – Governador Valadares
- 14/06/2024 – Montes Claros
- 17/06/2024 – Uberlândia
- 21/06/2024 – Unaí
Trata-se de uma oportunidade para registrar os problemas enfrentados e ouvir sugestões da população. “Durante essa etapa, serão apresentadas algumas iniciativas que podem contribuir para reflexões sobre como lidar com a crise climática em Minas Gerais”, detalha Magela. “O coop mineiro foi convidado para apresentar duas ações: o projeto Minas d’Água da Cooxupé, em Itajubá, no dia 27 de maio e o Programa MinasCoop Energia, em Montes Claros, no dia 14 de junho”.
As cooperativas podem e devem fazer parte dessa iniciativa, já que a sociedade civil também é convidada a participar e integrar o debate sobre o assunto. As inscrições podem ser feitas clicando aqui.
Coop mineiro apresenta cases de sustentabilidade
O MinasCoop Energia é uma iniciativa pioneira no cooperativismo de Minas Gerais, concentrando-se na produção de energia fotovoltaica com o intuito de fomentar a autossuficiência energética e diminuir despesas. Além de promover a sustentabilidade ambiental por meio do uso de uma fonte de energia limpa e renovável, o programa se diferencia pelo seu compromisso social, destinando uma parcela da energia produzida para entidades filantrópicas.
Com auxílio de consultoria especializada, as cooperativas participantes têm a oportunidade de estabelecer usinas fotovoltaicas, assegurando economia a longo prazo e independência de fontes externas de energia. Os benefícios englobam uma notável diminuição de despesas, preservação ambiental e autonomia energética.
O programa já teve um impacto positivo em mais de 50 entidades filantrópicas, beneficiando cerca de 4 milhões de pessoas em Minas Gerais, por meio da doação anual de mais de 2 milhões de kWh de energia. Assim, o MinasCoop Energia não apenas favorece as cooperativas e a comunidade em geral, mas também reforça o papel social do cooperativismo, contribuindo para o bem-estar social e ambiental do Estado.
Já o projeto Minas d’Água, criado pela Cooperativa dos Cafeicultores de Guaxupé (Cooxupé), tem como objetivo recuperar 33% da bacia hidrográfica do rio Guaxupé, abrangendo mais de 500 nascentes nas bacias da Nova Floresta, Japi e Consulta. Este projeto inédito na cidade conta com o apoio de empresas internacionais e foi lançado como um piloto. As atividades incluem plantio de árvores, cultivo de mudas e mobilização dos produtores locais, o que exige tempo para serem plenamente implementadas.
Organização participa de todos os grupos temáticos do Seminário Técnico
A ALMG criou grupos temáticos para a preparação do Seminário Técnico com as seguintes atribuições:
– cotejar, elencar e priorizar pontos divergentes ou lacunas nos planos já existentes, visando à construção de sugestões de aprimoramento das políticas públicas atinentes;
– indicar experiências exitosas e sugerir temas e debatedores para compor a programação dos encontros no interior;
– discutir os resultados dos encontros no interior, após sua realização; e- sugerir temas, formatos e debatedores do seminário técnico final.
O Sistema Ocemg está representado em todos os grupos temáticos, que também terão a participação de pesquisadores de universidades e institutos federais, órgãos e entidades da administração pública, entidades da sociedade civil e associações microrregionais e consórcios municipais.
Os grupos temáticos irão o focar o seguinte:
1 . Grupo Temático Ambiental: Identificar os impactos ambientais da crise climática, especialmente em relação aos recursos hídricos, e priorizar medidas de proteção ambiental para futuras gerações, com foco no semiárido mineiro.
2. Grupo Temático Econômico-Produtivo: Identificar oportunidades para atividades econômicas sustentáveis, considerando os impactos climáticos. Priorizar a adaptação de processos produtivos e o desenvolvimento de novas tecnologias nos setores agropecuário, energético, industrial e turístico.
3. Grupo Temático Social: Identificar os efeitos das mudanças climáticas no tecido social de Minas Gerais. Sugerir medidas públicas para garantir o desenvolvimento social, incluindo segurança alimentar, direitos humanos, saúde, trabalho e renda, habitação e assistência social.
4. Grupo Temático Institucional: Discutir a governança das estratégias estaduais para enfrentar as mudanças climáticas, enfatizando sistemas de monitoramento de eventos extremos, desenvolvimento científico, coordenação de ações emergenciais, vigilância em saúde e infraestrutura.