O Encontro Nacional das Mulheres Cooperativistas (EnmCoop 2020), realizado nos dias 29 e 30 setembro, em ambiente virtual, debateu temas relevantes para o setor, entre eles a participação feminina nas cooperativas e o momento atual de pandemia. Realizado pelo Grupo Conecta, o evento teve entre os painelistas o presidente do Sistema Ocemg, Ronaldo Scucato.
Abrindo as atividades, o presidente do Sistema OCB, Márcio Lopes de Freitas, elogiou a iniciativa, estimando que fosse intensificada para culminar em uma maior abertura de espaços para as mulheres. O dirigente falou sobre a criação, pela Unidade Nacional, em meados de setembro, de um Comitê de Mulheres Cooperativistas e complementou que “vivemos em um mundo em evolução, não só devido à pandemia, mas que já estava evoluindo, com mudanças proporcionadas pela força das comunicações, pela capacidade dos jovens intervirem e pela presença maior das mulheres nos negócios, na política e na sociedade”.
Convidada a falar sobre o Agronegócio Brasileiro no Contexto Atual e seus Desafios, a Ministra de Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Tereza Cristina, disse que “as cooperativas são importantes, porque são elos de várias cadeias produtivas. E temos visto que quando determinados setores trabalham com este sistema de integração ou cooperação, eles sofrem menos nas crises”.
Na oportunidade, Scucato integrou as discussões do painel sobre A importância das Organizações Cooperativas em prol dos Agricultores. O dirigente frisou a importância do setor agropecuário para o país e seu realce, principalmente nos tempos atuais, para todo o mundo, fornecendo alimentos de qualidade. Ao abordar o momento de pandemia, ele falou sobre o estímulo, a orientação e o trabalho que a organização tem oferecido às cooperativas em relação à gestão e ao comportamento digital no campo. “Tivemos no Estado, recentemente, a criação do programa Cooperaf que é para estimular a agricultura familiar e a agroindústria”, complementou.
Sobre a participação feminina no cooperativismo mineiro, Scucato ressaltou que houve um crescimento: “No Estado, mais de 51% da força de trabalho em cooperativas é formada por mulheres. E nós estamos atendendo o que a Organização das Nações Unidas (ONU) e Aliança Cooperativa Internacional (ACI) vêm propagando no sentido de atrairmos, cada vez mais, jovens e mulheres para o movimento cooperativista”. E incrementou que: “A participação das mulheres nas cooperativas Agro é ainda pequena, mas, na agricultura familiar isso vem crescendo. Temos, inclusive, cooperativas de agricultura familiar em que as mulheres foram premiadas com a produção de café especial”, exemplificou.
Ele abordou ainda a pujança do cooperativismo em Minas, com 70% da produção cafeeira passando por cooperativas; mais de 30% da produção de algodão também ligada ao cooperativismo; sendo que 20% do leite do Estado provém de produtores cooperados, entre outras atividades. Segundo Scucato, as cooperativas agropecuárias movimentam 10% do Produto Interno Bruto do agronegócio do Estado, o que equivale a um total de R$ 24 bilhões.
A gerente geral do Sistema OCB, Tânia Zanela, que mediou as discussões do painel, mencionou o último Censo do IBGE, cujos resultados confirmaram as cooperativas como responsáveis por 53% da produção agropecuária brasileira. Ou seja, essa produção, em alguma fase, passa por uma das nossas 1.613 cooperativas. Um número importante, inclusive para buscarmos espaço nas agendas públicas e do executivo, da nossa representação institucional”. Ela acrescentou que são 1,1 milhão de cooperados e quase 210 mil postos de trabalho no país. E frisou, sobre a atuação das mulheres, que a ACI, desde os anos 1990 vem traçando políticas de incentivo à participação feminina no segmento. “Hoje, dos 6.652 dirigentes de cooperativas agrícolas, apenas 975 são mulheres. Sabemos que temos um espaço muito grande para crescer”, disse.
Integraram o painel também o presidente do Sistema Ocepar, José Roberto Ricken; o presidente do Sistema Ocesp, Edivaldo Del Grande; e o presidente do Sistema Ocesc, Luiz Vicente Suzin. O evento contou ainda com palestras dos presidentes de cooperativas mineiras como Cooxupé e Coopama e, mesmo que de maneira digital, teve um espaço dedicado aos expositores.