Veja como foi a abertura do maior evento de gestão cooperativista da América Latina, o WCM’23, realizado em Belo Horizonte, com apoio do Sistema Ocemg
Gente é para brilhar, já dizia Caetano Veloso. E no cooperativismo, levamos essa frase muito a sério. Hoje, o cooperativismo emprega 524,2 mil profissionais no Brasil. Somente aqui, em Minas Gerais, são 54,5 mil profissionais empregados. E é para fortalecer a liderança e as competências técnicas e comportamentais desses talentos que existe o World Coop Management (WCM) — mais importante congresso de gestão e liderança do Brasil.
Realizado nos dias 16 e 17 de outubro, o congresso reuniu cerca de 1,3 mil pessoas, presencialmente em Belo Horizonte, para dois dias de imersão no tema “Criar, Agir, Vencer”. Foram mais de 20 palestras sobre gestão, inovação e liderança divididas em cinco palcos simultâneos. O diferencial da edição do WCM’23 foi o ambiente metaverso, que integra os mundos real e virtual. Foi o primeiro congresso cooperativista neste formato, possibilitando aos congressistas criarem seus avatares (uma representação no mundo virtual) e explorarem os ambientes de forma interativa, assistindo palestras e visitando estandes dos patrocinadores virtualmente.
A abertura do evento ficou a cargo do presidente do Sistema Ocemg, Ronaldo Scucato, uma das lideranças mais reconhecidas do cooperativismo brasileiro. Ele fez uma importante reflexão sobre a necessidade de investir em pessoas para garantir a sustentabilidade do modelo de negócios.
“Temos de cuidar dos nossos talentos, da nossa gente, da comunidade, do nosso capital humano. Se não cuidarmos do nosso pessoal, entraremos em declínio”, argumentou Scucato.
A presidente da Aliança Cooperativa Internacional para as Américas (ACI Américas), Graciela Fernández, também defendeu a capacitação dos profissionais e gestores de cooperativas como uma estratégia capaz de ajudar o cooperativismo a crescer local e globalmente.
“As cooperativas geram cerca de 10% dos empregos do mundo. Só que o mundo está se transformando cada vez mais rápido, por conta das novas tecnologias e do crescente uso da inteligência artificial no mercado de trabalho. Precisamos nos adaptar a esse novo cenário”, afirmou Graciela.
Ainda, segundo a presidente da ACI Américas, as mudanças pelas quais a sociedade global está passando têm caráter transversal e disruptivo, afetando a forma como são processadas as informações, como as pessoas se relacionam, a forma como os negócios são conduzidos e como os produtos são consumidos.
“Para não ficarmos para trás nesse novo mundo de processos digitalizados, precisamos investir em formação e capacitação. Temos de criar universidades e escolas tecnológicas com formação em gestão de cooperativas, porque os recursos humanos disponíveis hoje são claramente insuficientes”, conclui.
RECONHECIMENTO GLOBAL
Além do uso de novas tecnologias na gestão de cooperativas, a pauta ESG — sigla em inglês para meio ambiente (environment), responsabilidade social (social) e governança (governance) — foi tema de diferentes painéis do WCM’23.
“O cooperativismo foi reconhecido publicamente como um importante agente de desenvolvimento sustentável pela Organização das Nações Unidas, no último mês de setembro”, elogia a presidente da ACI Américas. “A instituição destacou a capacidade das cooperativas crescerem, mesmo em tempos de crise, como na recente pandemia de Covid-19. Nós, ao contrário de muitas empresas, não somos resilientes apenas no discurso, mas nos resultados econômicos que entregamos à sociedade”, destacou Graciela.
De fato, as cooperativas brasileiras injetaram mais de R$ 19 bilhões em tributos nos cofres públicos somente em 2022. Isso sem contar nos mais de R$ 25 bilhões referentes ao pagamento de salários e outros benefícios destinados a colaboradores. Os dados são do Relatório Anual do Cooperativismo 2023 da OCB.
Em Minas Gerais, os resultados das coops são igualmente expressivos. O Estado é oficialmente responsável por 12,8% do PIB mineiro e pelo marco anual de R$118,4 bilhões em movimentação econômica. Além disso, quase 40% da população mineira é cooperativista.
“Precisamos falar cada vez mais dos resultados financeiros que as cooperativas geram para seus cooperados e para a comunidade”, defendeu Scucato no WCM’23. “Somos uma sociedade de pessoas, sim, e temos orgulho de cuidar bem delas. Mas o social é rebocado pelo econômico. Não se constrói um paraíso social sobre uma ruína econômica”.
RECONHECIMENTO LOCAL
O presidente do Sistema Ocemg também lembrou que as cooperativas brasileiras —especialmente as de Minas Gerais — são referência quando o assunto é ESG. “Nós temos de nos firmar como referência nesse mercado. O ESG deve ser um baluarte para todas as cooperativas”, provocou.
Ao discursar sobre a importância da sustentabilidade e do ESG, Scucato falou com conhecimento de causa. Afinal, o Sistema Ocemg foi a primeira instituição de Minas Gerais a receber o “Selo BH Sustentável”, concedido pela prefeitura de Belo Horizonte.
“Em uma metrópole como a nossa, com milhares de empresas e organizações, ser a primeira instituição a receber essa certificação tem um significado muito expressivo. É mais um exemplo que o cooperativismo dá para a sociedade”, comemorou.
A entrega da certificação ocorreu durante a abertura do WCM’23, recebida pelo presidente do Sistema Ocemg das mãos do secretário do Meio Ambiente de Belo Horizonte, José Reis Nogueira de Barros.
“O Sistema Ocemg é um exemplo para toda a nossa capital. Vocês acenderam uma fagulha que mostra a importância de sair da teoria e trazer a pauta ESG efetivamente para a prática. Em nome da prefeitura de Belo Horizonte, dou os parabéns ao Sistema Ocemg e ao cooperativismo pelo pioneirismo e pela vanguarda no combate às mudanças climáticas”, concluiu.
Confira, a seguir, quem foram os principais palestrantes do WMC 23:
- Marcos Pontes, astronauta e senador da República;
- Gustavo Borges, nadador olímpico e empresário;
- Trebor Scholz, fundador da The News School’s Plataform Cooperativism Consortium;
- Paula Harraca, executiva, empreendedora, educadora e escritora;
- Marcos Frota, ator, produtor circense e presidente do Instituto Cultural ICASFA;
- Sharon Gai, ex-chefe Global do Alibaba e pensadora da metodologia Culture Fluid;
- André Diamand, criador do Sexy Canvas;
- Roberto Tranjan, empresário e pesquisador; e
- Serge Nawej Tshitemb’u, membro da Família Real do Congo.
- Ana Aguirre, co-fundadora e membro da Tazebaez S.Coop;
- Eduardo Varella Avila, diretor executivo da Revolusolar;
- Ana Paula Faria, vice coordenadora do Comitê de Jovens do Sistema OCB, o Geração C;
- Elson Justino, diretor superintendente do Sicoob Crediminas;
- Siôn Whellens, diretor da Cooperativa de Comunicação Carverts;
- Violetta Nafpaktiti, diretora administrativa da DotCoop LLC;
- Samara Araujo, gestora de Marketing e Comunicação OCB; e
- Samuel Zanello Milléo Filho, gestor da área de Comunicação e Marketing do Sistema Ocepar.
