Número extraído do Anuário do Cooperativismo 2024 destaca a relevância do setor, que responde por 12,6% do PIB do Estado
O cooperativismo tem se firmado como um dos modelos de negócio mais resilientes e sustentáveis do Brasil. De acordo com o Anuário do Cooperativismo Mineiro 2024, divulgado pelo Sistema Ocemg, 76,7% das cooperativas do Estado têm mais de 10 anos de atuação no mercado. Ainda de acordo com a publicação, das 785 cooperativas registradas pela entidade, 86 alcançaram 50 anos de operação, sendo que algumas já somam mais de oito décadas. Outras 204 coops têm entre 30 e 49 anos, enquanto 312 estão no mercado entre 10 e 29 anos. Apenas 23,3% das organizações têm menos de 10 anos de existência, sendo 68 entre cinco e nove e, somente 115, abaixo de cinco anos de atividade.
Esses números vão na contramão do que acontece com as empresas de caráter estritamente comerciais. Segundo o Mapa de Empresas do Governo Federal, no ano de 2023, foi registrado o fechamento de 2.153.840 negócios no Brasil, sendo 95,16% desse total composto por microempresas e 2,3% de empresas de pequeno porte. Em contrapartida, o coop apresentou um desempenho mais resiliente. De acordo com o Anuário 2024 do Sistema OCB — que apresenta os números consolidados do cooperativismo no Brasil —, nesse mesmo período houve uma redução de apenas 184 cooperativas em todo o país. A maior parte dessas organizações passaram por processos de fusão, visando otimizar recursos e ampliar mercado, sendo incorporadas por outras cooperativas maiores. Em Minas Gerais, os números do Anuário do Sistema Ocemg são ainda mais impressionantes: o setor apresentou forte capacidade de adaptação e crescimento, com a adesão de 419.479 novos cooperados e 2.845 novos empregos em relação ao ano anterior.
De acordo com a economista Rita Mundim, o tripé que sustenta a solidez do cooperativismo envolve governança, meio ambiente e responsabilidade social. “É um modelo de gestão descentralizada, socialmente justo e ambientalmente sustentável, pois se preocupa com recursos do planeta, valoriza as pessoas e entrega produção”, diz a economista. Ela destaca ainda que, diferentemente de outros sistemas econômicos, o cooperativismo promove uma estrutura em que cada cooperado participa e se envolve nas tomadas de decisões. “São pessoas com a mesma finalidade, que se unem e se tornam mais fortes. Enquanto em empresas tradicionais o poder é centralizado, nas cooperativas o processo é mais abrangente e todos participam. Além disso, permite que todos compartilhem os lucros de forma proporcional à sua contribuição”, diz Rita Mundim.
Alinhado às necessidades do século XXI
Falar sobre a perenidade das empresas, não envolve apenas a eficiência de gerenciamento diante de diferentes cenários econômicos. Com a crescente conscientização sobre sustentabilidade, a capacidade de se alinhar às expectativas do mercado tem sido um termômetro de estabilidade nos negócios. Dessa forma, as organizações cujas cadeias produtivas priorizam processos que envolvam o uso consciente de recursos como água e energia, o manejo sustentável de matérias-primas, além da redução da geração de resíduos, ganham destaque nessa nova era de consumo.
O cooperativismo, nesse contexto, destaca-se por sua capacidade de implementar essas práticas de forma eficaz. Para Rita, nosso modelo de negócios sobressai como a única atividade econômica realmente sustentável, ao buscar a equidade entre resultados financeiros, meio ambiente e social. “Estamos em um momento em que a missão é salvar o planeta e as pessoas. Sendo assim, o cooperativismo é a essência dessa visão de futuro. À medida que a sociedade conhece o cooperativismo e como ele atua, mais cresce a adesão a esse modelo”, explica.
Impacto positivo na sociedade
Complementando o tripé, o impacto social é o terceiro ponto que a economista atribui à estabilidade econômica do segmento. Segundo Rita Mundim, um dos maiores benefícios do cooperativismo é a repercussão positiva que ele gera nas regiões onde está presente. Diferentemente das empresas tradicionais, onde os acionistas podem estar em qualquer parte do mundo, no cooperativismo, os cooperados vivem nos locais onde atuam.
“Onde há cooperativas, o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) é maior. As sobras distribuídas entre os cooperados são reinvestidas na própria região, onde eles vão consumir e, assim, fortalecer a economia local. É um modelo de ganha-ganha”, destaca a economista.
Conhecimento e inovação
Outro aspecto que beneficia o setor é o forte investimento na educação e capacitação de seus membros. “O conhecimento é a matéria-prima do século XXI. Nenhum sistema investe mais em educação em todos os níveis do que o cooperativista, desde os colaboradores ao corpo diretivo. É através dessa revolução constante em busca de inovação e qualidade, que as cooperativas garantem sua eficiência e sustentabilidade a longo prazo”, completa.
É nesse contexto que a atuação do Sistema Ocemg entrega seus mais expressivos resultados com programas de capacitação e formação constantes voltados para o fortalecimento do setor. Além de consultorias, cursos online e presenciais, a entidade implementou vários programas de treinamento. Um dos destaques é a Trilha Prática para a Excelência, realizada anualmente para cooperativas do nível Primeiros Passos que ganharam o Selo no Prêmio SomosCoop Excelência em Gestão no ano anterior. Outra iniciativa importante são as missões internacionais, que já levaram lideranças cooperativistas às melhores escolas de negócios do mundo, para se conectarem às tendências do mercado e trocarem experiências com líderes globais.
Quase um século de atividade
A Cooperativa Regional dos Cafeicultores de Guaxupé (Cooxupé) é uma das cooperativas mais antigas, em funcionamento, de Minas Gerais. Em 2024, ela completou 92 anos de fundação. Hoje, são mais de 20 mil cooperados, sendo mais de 97% deles pequenos produtores que vivem da agricultura familiar, presentes em mais de 330 municípios de Minas Gerais e São Paulo.
Outro destaque do Estado é a Cooperativa Central dos Produtores Rurais de Minas Gerais (CCPR), com mais de 70 anos de história. Criada em 1948, ela atualmente reúne 31 cooperativas e 25 mil cooperados distribuídos em 280 municípios entre Minas e Goiás. O presidente da Central, Marcelo Candiotto, afirma que a consolidação de mais de sete décadas da entidade, deve-se ao compromisso contínuo com a qualidade, inovação e ao forte vínculo com os cooperados. “Acreditamos que a união e a colaboração são pilares fundamentais para o sucesso e a longevidade de qualquer cooperativa”, enfatiza.
Candiotto destaca, ainda, que o Sistema Ocemg tem sido um parceiro essencial nesse percurso, oferecendo suporte institucional, capacitação e promovendo a integração entre as cooperativas. “Esse apoio tem sido imprescindível para fortalecer nossa posição no mercado e garantir a sustentabilidade do nosso negócio”, conclui.